quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Confronto de interesses


Jair Bolsonaro, no início da sua campanha, sem o apoio dos grandes partidos, sem o apoio de grandes empresários e das lideranças do mercado, teve que se valer de corporações, grupos minoritários, marginalizados pelo “establishment”, mas que ele sempre defendeu – enquanto deputado federal.
Entre esses estão grupos de caminhoneiros e predadores da floresta amazônica, como garimpeiros irregulares, grileiros, desmatadores, madeireiras e produtores agrícolas e rurais, em condições irregulares.
Eles se sentiam perseguidos pela política ambiental, criada por Marina Silva e que o PT manteve, mesmo depois da dissidência dela e da retirada do partido. 
Os antiambientalistas reclamavam junto ao deputado e depois candidato de que o Governo não os deixava exercer livremente a sua atividade econômica, que a fiscalização impunha multas astronômicas, impagáveis e que destruíam os seus equipamentos quando flagrados.
Empoderados, muitos fiscais e mesmo autoridades ambientalistas, extrapolaram as suas atribuições, se excederam na aplicação das penalidades, gerando a reação contrária. Na prática foi estabelecida a indústria da multa, parte por ativismo de radicais, mas uma grande parte, para dar suporte à corrupção.
Jair Bolsonaro prometeu a esses grupos de apoio que, quando eleito, mudaria tudo e eles voltariam a ter condições de trabalhar livremente. Acabaria com a "indústria da multa". Eleito, cumpriu.
Desmontou a estrutura de fiscalização ambiental, determinou à estrutura remanescente que  não aplicasse as multas e proibiu a destruição das máquinas e equipamentos encontrados em atividades de desmatamento ou garimpo ilegais. Orientou aos seus apoiadores a não pagarem as multas.
Sem fiscalização e punição, esses apoiadores de Bolsonaro, voltaram a desmatar.
Com a repercussão internacional do aumento do desmatamento, agravada pelos incêndios, tentou desmentir, desqualificar os dados. Abriu confronto direto com autoridades europeias, acusando-os de conspirar contra a soberania do Brasil na Amazônia, mas diante dos fatos foi obrigado a mandar as tropas do Exército para controlar a situação e com isso conteve a continuidade do desmatamento e dos incêndios. Mas foi por tempo limitado. A operação militar terminou.
Bolsonaro está diante da pressão direta dos seus apoiadores que querem flexibilidade para desmatar e do agronegócio exportador que está sentindo as restrições dos compradores.
O amanhã vai depender dos vitoriosos. A sociedade, por enquanto, está mais na torcida do que em ações efetivas.

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