terça-feira, 31 de março de 2020

Entendendo as estatísticas (2)

O Prevent Senior emergiu como um plano de saúde privado para o atendimento aos idosos que vinham sendo prejudicados pelos demais planos, com aumentos nas mensalidades dos clientes, acima de 60 anos, com aumentos progressivos em função da idade.
A eles só restava buscar o atendimento pelo SUS, sobrecarregando-o.
A Prevent Senior, atendendo os  idosos, com valores relativamente mais baixos, funcionou como um "colchão" de amortecimento da pressão sobre o SUS. 
Era, portanto natural, um substancial aumento de demanda dos seus serviços e também a ocorrência de óbitos.
Como só opera em São Paulo, atrai para a cidade um grande volume de pacientes da região metropolitana, onde tem atendimento parcial e do interior do Estado, onde a sua rede de atendimento não chega.

São Paulo será o epicentro da ocorrência dos casos de contaminação, assim como dos óbitos. Provavelmente é também o principal irradiador do vírus para a maior parte dos demais estados brasileiros. Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, também seriam disseminadores do vírus, trazidos por viajantes do exterior. 

Para avaliar o processo de expansão do COVID-19, no Brasil é preciso focar, prioritariamente, São Paulo, cidade e Estado. 

A curva estatística de contaminação de São Paulo, segue o padrão ocorrido em outros paises. Os níveis iniciais, decorrentes da contaminação importada, são relativamente baixos e com crescimento exponencial inicial, o que resulta pouco significativo em números absolutos. A segunda onda, isto é, os contaminados pelos primeiros que trouxeram de fora, é ainda pequeno. Mas são esses que vão desencadear a transmissão comunitária. Como na maioria dos casos, a contaminação é assintomática, esses contaminados mantém o seu trabalho, a sua circulação, os seus relacionamentos sociais e vão contaminar terceiros, de forma anônima. A difusão dessa contaminação silenciosa e assintomática, explode em ocorrências sintomáticas, estatisticamente pouco significativas, mas com crescimento exponencial de números absolutos. 

O volume efetivo de contaminados é muito superior o que é registrado oficialmente. A maioria sem apresentar sintomas. Na fase inicial eram caracterizados como suspeitos por terem tido contacto com pessoas chegadas do exterior, mais precisamente dos locais de maior incidência, como a região de Lombardia, passando por outras localidades. Como quado ocorreu o primeiro caso, no Brasil, a região de Wuhan na China já estava isolada, supostamente todos os casos ficaram em quarentena.
Mas quando se alcança a fase da contaminação comunitária, todos são suspeitos.

Diante disso, a única saida é o isolamento social generalizado. O isolamento parcial deixa brechas  para a contaminação comunitária.

Na cidade de São Paulo, as restrições parciais começaram na quinta-feira, dia 19 de março. A ampliação para o Estado, começam na terça feira, dia 24 de março. Como o tempo de manifestação dos sintomas pode ocorrer entre 7 a 14 dias, a partir da contaminação, até o dia 2 de abril na Capital e 7 de abril, no Estado, algumas ou muitas das ocorrências poderão ser de contaminação antes do período de restrições.
Na segunda semana de abril, que é a santa, teremos um indicador melhor sobre a eficácia das medidas restritivas, indicando se elas precisam ser mantidas, precisarão ser ampliadas ou poderão se afrouxadas.
Até lá o crescimento continuará sendo exponencial. Depois poderá ou não.

Um outro fator elevará a quantidade de contaminados: a ampliação do número de testes. Deverá ser adequadamente interpretado pela autoridades sanitárias. Para a população em geral, com o apoio da mídia, tendente ao sensacionalismo, será de temor generalizado. O que pode favorecer um comportamento preventivo.
O aumento da contaminação, pela ampliação dos testes dará uma informação mais precisa sobre a situação real, hoje mascarada pela limitação dos testes aos casos sintomáticos.

A partir dai a análise estatística, com algorítimos adequados, poderá projetar a procura pela internação, em dois níveis: graves, exigindo "entubação" e outros cuidados em UTI e leves que poderão ser tratados em casa ou em instalações temporárias. A melhor solução é o tratamento domiciliar, com acompanhamento pela telemedicina. Mas nem todos podem contar com essa facilidade, principalmente os moradores das favelas. As instalações que estão sendo montadas atenderão a eles. 

O crítico será a demanda por UTIs, ou pelo menos, respiradores mecânicos. 

O achatamento da curva, em São Paulo, epicentro brasileiro da contaminação, será nessas duas próximas semanas: esta e a próxima. 

A ocorrência da contaminação seguirá crescendo, apesar das medidas restritivas, uma vez que decorrerão, em grande parte, de contaminação assintomática, antes das restrições.

Se a incidência entre eles, de casos graves, requerendo tratamento complexo, for elevado, a menos da eficácia da nova combinação de medicamentos (hdrocoloaquixina + azi) chegaremos ao colapso do sistema, com uma terrivel "escolha de Sofia" (quem será deixado para morrer).

Num cenário otimista, o auge da crise em São Paulo, será esta semana. Será importante, diferenciar os casos de contaminação, os "positivados" em exames, com sintomas daqueles positivados sem sintomas. Se houver queda nos casos positivados sintomáticos, poderá significar o controle da expansão da contaminação.

(cont)






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