domingo, 22 de março de 2020

Hoje em função do amanhã

Invertendo o lema do podcast que tenho falado duas ou três vezes por semana, o hoje está sendo afetado pela perspectiva do amanhã, em função da obsessão de Jair Bolsonaro pela sua reeleição. Ele quer evitar "um novo Jair Bolsonaro", isto é, um candidato surpresa.  
Quem quer que ganhe popularidade e pareça ser concorrente à eleição presidencial de 2022 ele, com ajuda dos filhos, busca desconstruir.
Se for algum Ministro, promove um processo de fritura. Assim que tem oportunidade, exonera. 
O receio de emergir como candidato, inibe qualquer protagonismo do Ministro alvo. 
Fez isso com Sérgio Moro e mantém "na linha", os Ministros mais conhecidos, como Paulo Guedes, Tarcisio de Freitas e Damares Alves.
Com a eclosão da crise sanitária do COVID-19 emergiu, com grande protagonismo, o até então desconhecido Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Atuando com grande independência, contrariando a visão do Presidente. Como esse se omitiu, assumindo a visão de que trata-se apenas de mais uma "gripezinha" que os seus opositores estão escandalizando, gerando uma histeria popular e promovendo a paralização da economia. Tudo para enfraquecer o seu poder e a posição de favorito para as eleições de 2022. 
Ao perceber o crescente apoio da sociedade à Mandetta, tentou enfraquecê-lo, iniciando um processo de fritura, alertando que ele tem o poder da caneta e pode demiti-lo. Lançou o  nome de um eventual substituto, trazendo junto a si, tratando-o como o seu "médico particular". Teria sido demovido, diante do agravamento da crise e do papel assumido por Mandetta, como comandante da operação de guerra contra o COVID-19.
Tentou conter o espaço de Mandetta que, na omissão dos demais e do Presidente, articulou com os Governadores e passou a discutir medidas além das atribuição do seu Ministério.
Primeiramente, organizou um Comitê de Crise, chefiado pelo General Braga, atual Ministro da Casa Civil que, provavelmente, se mostrou mais inclinado a apoiar Mandetta, do que as orientações presidenciais.
Resolveu, então, assumir pessoalmente o Comando Geral da operação de guerra, para reduzir o protagonismo de Mandetta e o crescimento do apoio popular.
Esse é o seu objetivo principal. Não é combater o  COVID-19, até porque acha que não passa de uma "gripezinha". O que ele mesmo quer é conter o avanço de Mandetta, para as eleições de 2022.
É o amanhã, comandando as decisões de hoje. 

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