domingo, 29 de dezembro de 2013

Os legados da Copa - cruzeiros e portos marítimos

A grande ilusão vendida com a perspectiva da Copa foi a dos cruzeiros marítimos. Alguns acreditaram por uma lógica parcial de que com até 4.000 lugares, permitiram resolver o problema da hospitalidade, sem necessidade de construção de novos hotéis. Até porque esses corriam o risco de ficarem ociosos após a Copa.
Outros, mesmo sabendo que isso não ocorreria fizeram coro às prestidigitações para viabilizar a construção ou modernização de terminais portuários de passageiros, nos principais portos brasileiros.

O Governo Federal foi "na onda" e até incluiu na matriz de responsabilidade, obras portuárias. Que, na realidade, nada tem a ver com a Copa, mas decorrente da mistificação perpetrada por espertos o que demonstra como os demais que querem se passar por espertos caem nas esparrelas.

A lógica real do setor e da Copa do Mundo, demonstrava à saciedade a irrealidade da proposição, porém a miopia voluntariosa desviava a visão real para preferir a crença na ilusão, movida pelo desejo de que ocorressem.

Para a Copa das Confederações não aportou nenhum navio durante as competições, mas poder-se-ia alegar que os terminais não estavam prontos, sendo o primeiro a ser concluido foi o do Recife (foto), em agosto de 2013. Todos os demais só deverão ser entregues em meados de maio de 2014, quando a temporada no Atlântico Sul estiver terminada.

Os armadores que promovem a construção dos gigantescos navios de cruzeiros marítimos precisam dar utilidade e rentabilidade aos seus investimentos ocupando os durante o ano todo. Dadas as diferenças de estações entre os hemisférios, eles alocam os navios no atlântico sul durante a temporada de verão, a partir de dezembro, até março, com eventual prolongamento até abril, e o levam para o Norte, no outro período, reservando ainda um intervalo para as manutenções e revisões. Os deslocamos de um hemisfério a outro, praticamente vazios são caros, dai o posicionamento dos navios por temporada e não por viagens isoladas

Portanto, o primeiro dado de realidade é que nos meses de junho e julho, o período de inverno no Hemisfério Sul, os navios de cruzeiro estão alocados nas rotas do norte, seja nas águas do Caribe, como do Mediterrâneo.

O segundo dado é que a maior parte ou quase totalidade da demanda é de turistas nacionais, com um grande aumento nos últimos anos até 2012, em função da melhoria da renda e da "classe média emergente" que tem como um dos principais objeto de desejo um cruzeiro marítimo. Já em 2013 o crescimento foi menor, indicando uma saturação da demanda, que deverá se manter para a temporada 2013/2014 que já começou (dezembro de 2013).

O terceiro é que os cruzeiros, como diz o próprio nome, fazem cruzeiros, com curtas paradas em cada porto ou cidade, para uma visita rápida, seguindo para outro: são sempre poucos dias para muitos lugares, aproveitando as noites para navegar.

Uma parada por maior tempo, incluindo o pernoite estacionado num porto é excepcional, ocorrendo apenas quando coincidem com um evento significativo, como são os carnavais. Até porque o principal movimento ocorre durante a noite. Seriam os casos do Rio de Janeiro, cuja obra do Cais para ampliar a recepção dos navios, foi excluida da Matriz de Responsabilidade e Salvador (foto) cuja obra do Terminal de Passageiros está em fase final de conclusão.

A ideia de que os navios de cruzeiros atendessem à carência de quartos e leitos durante a Copa só existia para os que querem que Papai Noel exista. 

Não obstante a possibilidade de roteiros nordestinos para a primeira fase. Fortaleza (foto) poderia ter a expansão dos cruzeiros do Caribe.

Mas não há programação para tal. Não houve interesse e consequente mobilização para viabilizar tais pacotes.

Apesar do engodo e oportunismo para se aproveitar da realização da Copa no Brasil em 2014 esse vai deixar como legado um conjunto de terminais maritimos para passageiros. Além dos já citados (Fortaleza, Salvador e Recife) estão sendo construidos os de Manaus (esse hidroviário) e o de Natal.

Os mais importantes não terão obras vinculadas à Copa. A do Rio de Janeiro, que envolvia o maior investimento foi retirada da Matriz de Responsabilidades e as obras de realinhamento do cais no Porto de Santos, para ampliar o acostamentos dos navios de cruzeiros não deverão ser entregues a tempo.

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