sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Recife - cidade compacta

O modelo urbanístico, em voga, é o da cidade compacta. Embora não seja uma concepção nova, tinha perdido para o modelo rádio-concêntrico, que prevaleceu na estruturação das cidades, comandando os programas de obras viárias, focado sobre radiais e perimetrais.
Esse modelo associado ao conceito de "cidade-jardim" e outras voltadas ao uso especializado do solo urbano trouxeram como resultado efetivo, diante da crescente motorização da população aos sucessivos congestionamentos de veículos nas vias públicas.
Para muitos, não há solução para a mobilidade urbana fora da redução dos deslocamentos das pessoas dentro das cidades, com elas se realizando a maioria das suas atividades urbanas, nas proximidades, podendo se deslocar a pé ou por meios não motorizados e tendo bons meios de transporte coletivo para se locomover de um polo a outro. 
Seria uma cidade organizada em rede, com um conjunto de polos interligados, sem - necessariamente - um centro principal.
A rede de polos ultrapassa os limites municipais, envolvendo, pelo menos, Olinda e Jaboatão, podendo ainda envolver São Lourenço da Mata e a região de Suape (Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca e outros).
A rede atual envolve, como centros principais, o Histórico, Boa Viagem e Olinda. É provável que o mercado imobiliário desenvolva um novo polo na Cidade da Copa, que já teria uma ligação com os demais centros por via metroviária.
O problema da cidade compacta é o conflito de classes, que envolve a dinâmica imobiliária.
A riqueza não convive bem com a pobreza. Pode disputar com ela locais aprazíveis anteriormente tomados, como são os casos da Rocinha no Rio, com a ocupação de São Conrado ou de Paraisópolis em São Paulo, uma área no Morumbi. Mas evita empreender escritórios nas vizinhanças de favelas, a menos que tenha perspectivas de removê-las. Isso ocorreu em São Paulo, na Vila Olímpia, mas um resíduo de favela resiste até hoje.
Portanto, a perspectiva de que a riqueza vá instalar seus escritórios ou unidades geradoras de empregos do setor terciário é ilusória e irreal. O trabalho de qualidade não vai se aproximar da mão-de-obra de pouca qualificação. Essa terá que continuar se deslocando para os polos de emprego, principalmente no comércio e nos serviços de asseio e conservação, tanto comerciais como domiciliares.
E os deslocamentos serão, em geral, longos e demorados, porque esses trabalhadores não tem condições de morar nas proximidades dos polos de escritórios e comércio de alto padrão, por conta da excessiva valorização imobiliária.
O modelo da cidade compacta é viável para abrigar uma parte da população, mas não toda. Os mais pobres continuarão segregados.
A idéia da criação das ZEIS, zonas especiais de interesse social, para viabilizar essa aproximação fracassou, a menos daquelas que abrigaram favelas já previamente instaladas.
O desenvolvimento dos núcleos centrais dependem do setor privado, do mercado imobiliário e das atividades econômicas de atendimento à população: quanto maior o poder aquisitivo mais forte e amplo será o núcleo. 
O que o setor privado precisa ou quer para desenvolver um núcleo? Que papéis devem exercer o setor público municipal?
A experiência do desenvolvimento desses núcleos tem mostrada que três condições são essenciais: adensamento com verticalização, um grande centro comercial e acessibilidade por automóvel, complementado por estacionamentos.
São condições sobre as quais não há consenso.

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