terça-feira, 18 de outubro de 2016

Transição entre ciclos (2)

Os movimentos sociais não dependem apenas das mudanças de percepção individuais, tampouco de manifestações coletivas mobilizadas por mecanismos não personalizados.

O processo político continua requerendo a presença física de pessoas, de líderes capazes de catalisar as aspirações coletivas. Os manifestantes podem aplaudir as lideranças momentâneas, mas no processo eleitoral eles precisam votar num candidato, devidamente registrado, vinculado a um partido também legalizado.

A posição de rebeldia dos jovens participantes ou mesmo das lideranças dos movimentos de rua, os levam a não aceitar o enquadramento no sistema político e eleitoral vigente. Tendem a ser revolucionários combatendo e pretendendo romper o sistema com o qual não concordam. Ficam na dependência da mudança dos políticos tradicionais eleitos dentro das regras do sistema. Alguns começam a aceitar e ingressar no jogo político institucionalizado.

Poderá ser o início de um novo ciclo ou ser abortado, por não contar com o suficiente apoio popular.  Uma coisa é promover mobilizações socais pelas redes, outra é transformar essas mobilizações em votos.

As eleições na cidade de São Paulo, indicaram a ocorrência inicial de mudança. De um lado elegeu um não político, relativamente jovem, prometendo seriedade nas contas públicas, apesar de promovido pelo sistema político tradicional. De outro elegeu o "decano" dos ativistas com recorde de votos. Em ambos os casos, as ruas foram às urnas, embora de correntes populares opostas.

Mas esse fenômeno eleitoral se limitou a São Paulo.

Terá sido um acidente circunstancial ou o início efetivo de um novo ciclo político?

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