terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Fluxo e cadeia produtiva global

Fluxo da produção é o processo que envolve a sequencia das etapas de fabricação de um bem, desde a matéria prima, até chegar ao consumidor final.



A distribuição territorial do fluxo pode ser local, regional, nacional ou até multinacional. Neste último caso as etapas estão instaladas em diversos paises, e tem sido caracterizada como global ou globalizada.


O fluxo de produção é um elemento básico na elaboração de projetos industriais, a partir do qual ou junto com esse é escolhida a tecnologia dos processos e os equipamentos. 

É usado pelos estudos acadêmicos para ilustar desdobradamente as etapas de produção.

Os fluxos de produção tem características técnicas e decorrem das relações das diversas empresas integrantes, segundo negociações comerciais.

A globalização trouxe uma grande mudança em relação aos fluxos de produção. 

As etapas de produção se distribuiram por diversas localidades no mundo, estabelecendo um intenso fluxo internacional.

Essa ampliação não decorreu de vantagens competitivas naturais, em geral vinculadas a disponbilidade de matérias primas, mas de decisões empresariais buscando alternativas de produção de etapa do fluxo produtivo, com menor custo, sem prejuizo da qualidade.

Com isso, dentro dos fluxos de produção, foram foramadas as cadeias produtivas globalizadas empresariais. São fluxos organizados e gerenciados por um grupo empresarial multinacional.

Esses grupos definem centralizadamente onde instalar as suas fábricas, estabelecendo relações duradouras com fornecedores - que podem ser subsidiárias - e definindo onde cada etapa ou produto específico será produzido. O critério principal é o da especialização de cada unidade, para o fornecimento para toda a sua rede, vale dizer mundial.

Para a multinacional a concentração de um único produto ou de um mesmo grupo de produto numa fábrica, para suprimento mundial tem a vantagem de possibilitar escala maior, com maior incorporação de tecnologia e ganhos de produtividade. Com isso tem custos menores e mais competitivos, funcionando como barreira de entrada para concorrentes que não tem a mesma capacidade financeira e gerencial.

Para suprir um mercado específico que pela dimensão demográfica e econômica, como o Brasil, interessa à multinacional ela tem duas alternativas: 

  1. instalar no país uma fábrica, para suprir o Brasil, os paises vizinhos e o resto do mundo, com produtos de característica mundial;
  2. não produzir no país, estabelecendo apenas uma rede comercial para suprir as demanda locais mediante importações.
Na prática, em função da política industrial brasileira, focada no conteúdo nacional, a multinacional estabelece no país uma unidade produtiva menor, apenas para o mercado local, com produtos de penúltima geração e importa os de última geração. Dependendo da conjuntura, pode até fechar a fábrica no país e importar inteiramente. Tudo dentro da sua cadeia produtiva. Ou seja, o que importa é dela mesma, da sua marca e produzida por uma unidade dela ou associada a ela, situada em outro país. O gráfico abaixo mostra onde a Fiat pretende produzir os seus automóveis nos próximos anos:

Matéria de anteontem do Jornal do Carro, do Estado de São Paulo (4/2/2015) faz a comparação entre dois novos esportivos, lançados no mercado brasileiro por marcas já consagradas, a Honda e a Volkswagen, montadoras com fábricas no Brasil: o Civic Si e o Golf GTI. O primeiro passou a ser importado do Canadá, substituindo o sedã anteriormente produzido no Brasil e o outro produzido na Alemanha. Mas só os especialistas e os compradores vão saber a origem. Para os leigos são mais carros nacionais. Ou vão achar que o Civic é um carro fabricado no Japão.

Para entender a restruturação produtiva mundial é preciso perceber a distinção entre fluxo produtivo mundial, que é um fenômeno geral com grande diversidade de participantes, relacionadas por interesses comerciais, e a cadeia produtiva global que é organizada e gerenciada por uma multinacional, com objetivos de melhorar a sua competitividade no mercado mundial.

Perceber essas diferenças também é essencial para a formulação de políticas industriais e de ações comerciais para ampliar as exportações.

Uma diferença fundamental a considerar entre as indústrias de controle nacional e a multinacional, no mercado mundial é que enquanto a nacional precisa investir fortemente na sua marca, para ser conhecida nos mercados para onde pretende exportar, o que demanda tempo e investimento, a multinacional já tem a sua marca conhecida e o tempo de concretização a partir da decisão da direção da empresa é relativamente rápido. 

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