sábado, 25 de janeiro de 2020

A ilusão do poder no Estado (IV)

Com a nomeação de Roberto Alvim, o grupo ideológico, orientado por Olavo de Carvalho, ampliou o seu espaço dentro do Governo, completando o tradicional eixo educação e cultura.
O grupo comanda ainda o Ministério das Relações Exteriores,a Secretaria Geral e o Ministério do Turismo. Conta ainda com a adesão do Ministério de Damares Alves. No conjunto, uma parcela menor do Governo Bolsonaro, mas mais estridente e visível.
Na Secretaria da Cultura Roberto Alvim tentou implantar uma política cultural pela predominância - talvez absoluta - de uma antropocultura nacional reacionária por ser antiprogressista, dominada por crenças religiosas, ideológicas e ademais de cunho nacionalista. 
A cultura artística deveria - a ver dele - ser a expressão por meios estéticos, dessa cultura nacional conservadora.
Ao copiar  concepção, texto e forma de apresentação de Joseph Goebbels obteve efeito contrário ao desejado, por atingir o ponto mais sensível da cultura judaica, muito presente no Brasil.
Ao tentar promover uma cultura nacional unificada, conservadora, não percebeu que essa tem como um dos elementos principais o anti-nazismo. 
Esta visão de uma politica cultural focada na dominação de uma cultura nacional imposta não parte do Presidente Bolsonaro que não teria cultura - no sentido de conhecimento - para tal. Esse propósito emana do seu mentor ideológico Olavo de Carvalho. 
O Presidente, ao demitir, a contra gosto, Roberto Alvim, com o qual concorda, pela inspiração de origem comum, por pressão da sociedade e convidar a atriz e produtora cultural Regina Duarte, para assumir o cargo, abandona o projeto de Olavo de Carvalho, para usar  o cargo e a convidada para um contraponto à popularidade de Sérgio Moro, tirando deste a condição de marca do seu Governo e de ser indispensável. 
Regina Duarte, mesmo seduzida por Jair Bolsonaro, aceitou o namoro, mas relutava em casar. 
Ontem aceitou e vai assumir a Secretaria da Cultura. Deve ter considerado mais importante dar o seu apoio ao Presidente, com a sua popularidade do que insistir em pequenas divergências. 
Ela vai relevar essas divergências do Presidente ou vai tentar convencer o Presidente? 
A principal contradição é que ela quer promover a pacificação da classe artística, com tolerância mútua dos oponentes. Já Bosonaro e seus seguidores mais radicais querem manter a guerra cultural.
A partir dai, a nova questão é o quanto ela vai durar, em função das divergências?

(cont)






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