sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

O apoio dos evangélicos

Entre os grupos de apoio de Bolsonaro  o mais importante - eleitoralmente - seria dos evangélicos pelo volume de eleitores.
Não há, no entanto, unanimidade entre eles nas preferências políticas. 
Algumas denominações (ou igrejas) estariam fechadas com Bolsonaro, em função da adesão dos seus líderes, mas outras - entre as maiores - mantém certa independência. Não há, por enquanto, evidências de alguma oposição.
As lideranças evangélicas se unem num ponto comum: não pagar impostos. Agora não querem nem pagar as conta de luz.
Ou seja, em 2022 os eleitores evangélicos poderão ou não votar a favor da reeleição de Jair Bolsonaro.
Uma parte seguirá as orientações dos pastores e líderes maiores, outra seguirá os sentimentos pessoais. Esses serão de gratidão ou de decepção.
De um lado estarão os que entendem que Jair Bolsonaro fez um governo a favor dos princípios defendidos pelos evangélicos, colocando Deus e a família em primeiro lugar. Colocou-se contra os desvios gerados pelo progressismo, como a união homoafetiva, o direito ao aborto e outros.
De outro lado estarão os que se sentirão traídos por Jair Bolsonaro que teria acedido aos acenos do diabo, aceitando regularizar os jogos de azar,  de não lutar pela preservação da vida, desde o primeiro momento, de ser condescendente com os LGTB e outros, considerados aberrações da natureza.

Como Jair Bolsonaro conduzirá a pauta evangélica em 2020 e anos subsequentes? 

Os resultados macroeconômicos serão importantes, em geral, mas não estão na pauta específica dos evangélicos. Já alguns impactos meso e microeconômicos terão maior importância.

Os desalentados e desocupados tendem a buscar nas igrejas evangélicas a acolhida, algum apoio material, mas principalmente o conforto espiritual e a esperança.
A partir da "teoria da prosperidade", segundo a qual Jesus premiará aqueles que se esforçarem para prosperar, sempre mantendo a crença no Senhor, a tendência é que os evangélicos apoiem mais o trabalho por conta própria e o empreendedorismo do que o emprego, com carteira.
Há e continuará havendo uma disputa da massa de trabalhadores, de menor qualificação, com os partidos de esquerda defendendo o aumento dos empregos formais, não se satisfazendo com as demais formas, consideradas precárias. 
Seguindo a trajetória atual do mercado de trabalho, em 2022, os candidatos de esquerda dirão que o Governo Bolsonaro não melhorou as condições dos trabalhadores, inchando com o trabalho informal e sem proteção social.
Já os evangélicos tenderão a creditar ao Governo a melhoria do mercado de trabalho, com o aumento maior do trabalho por conta própria.
Receberão desses o dízimo, tanto quanto dos celetistas. 

Ou seja, a principal oposição às bandeiras petistas poderão ser os evangélicos, não nas questões dos costumes, mas das modalidades de ocupação.
Os partidos de esquerda poderão conquistar os "corações, mentes e bolsos" dos celetistas, mas não os dos demais. A sua posição é de inaceitar essas modalidades, caracterizando-as como precárias, mas a pessoa que consegue uma renda, seja como microempresário ou com "bicos" ou "frila", a aceita, porque é melhor que ficar sem nada. 
A mensagem da esquerda "não aceite esmolas, mantenha-se no combate e lute pelo emprego" não teria tanta aceitação. 

Jair Bolsonaro, provavelmente, estará com os evangélicos, buscando capitalizar a melhoria geral do mercado de trabalho, sem a distinção do "formal" com o "informal". 



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