sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Valendo-se da sociedade do espetáculo


O mundo contemporâneo é pautado pela sociedade do espetáculo. A sociedade organizada mundial tem mais interesse em saber o que está e vai acontecer com o ex-casal real da Inglaterra do que o que vai acontecer com a mesma Inglaterra, deixando a comunidade europeia, no final do mês. Davos é matéria que só interessa a um reduzido número de pessoas, embora sejam detentores de mais da metade de toda riqueza do mundo. O que não sensibiliza ou emociona as pessoas, em geral.
No Brasil, as grandes reformas estruturais na economia, a desigualdade social, as questões ambientais e outras mais passaram para segundo plano com o namoro de Regina Duarte com Jair Bolsonaro ou vice-versa, em torno da nomeação dela para a Secretaria da Cultura.
O objetivo político de Jair Bolsonaro não é resolver os problemas da cultura brasileira, mas – em primeiro lugar – ofuscar o prestígio popular de Sérgio Moro. Ele está - como prioridade pessoal e momentânea – reduzir o protagonismo do seu ainda Ministro da Justiça e Segurança Pública. Não quer perdê-lo, mas não o quer muito forte e popular. Supostamente para não tê-lo como adversário imbatível em 2022. A curto prazo o objetivo é afastá-lo dos processos que envolvem o seu filho Flávio Bolsonaro.  Não conseguiu que a Polícia Federal desse continuidade às investigações.  Se não consegue mudar a cúpula da Polícia Federal, por proteção do Ministro da Segurança Pública e não pode afastá-lo do Governo, acha que a alternativa é tirar institucionalmente a Polícia Federal da gestão do ex-Juiz da Lava-Jato.
Está articulando com os seus acólitos, mas falta combinar com o Congresso. A maioria dos parlamentares ainda seria pró-Moro.
Jair Bolsonaro evitou ir a Davos para não ouvir as reprimendas ou questionamentos dos investidores em relação ao afrouxamento das medidas de combate à corrupção e a falta de consideração em relação aos desastres ambientais.
Para encobrir os problemas reais, nada melhor que “circo”, trazendo para o centro do palco a “namoradinha do Brasil”.

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