segunda-feira, 13 de abril de 2020

As motivações do Presidente

Jair Bolsonaro é o principal líder da adoção da estratégia de combate ao novo coronavirus, mediante a aplicação da cloroquina, em diversos formatos e associações. 
Essa posição não é baseada em elementos técnicos e científicos, mas em crenças e na sua necessidade básica de demonstrar poder e enfrentar os seus inimigos (reais ou imaginários).
A sua crença inicial, seguindo a posição do seu mestre, Donald Trump foi desprezar a ameça, tratando-a como "gripezinha", que deveria ser cuidado setorialmente pelo Ministério da Saúde, como deve cuidar da dengue, ou da gripe comum, promovendo a vacinação e as medidas preventivas, para evitar a proliferação do mosquito.
O Ministro da Saúde, ao contrário, seguindo as orientações técnico-científicas, emanadas da OMS, cuidou de preparar o sistema de saúde público, o SUS, que estava desmantelado e adotar a principal medida preventiva: o distanciamento social. 
Com a rápida proliferação em vários países, além da sua origem na China, e a chegada do vírus no Brasil, detectada logo após o carnaval, levou a midia tradicional a dar grande apoio ao Ministro Mandetta, até então um obscuro agente politico, responsável por um Ministério considerado de terceira categoria. Embora escolhido por critérios pessoais, da turma do Presidente, mais que um técnico é um politico veterano e logo assumiu um amplo protagonismo, tornando-se a figura mais conhecida e destacada do Governo. 
Bolsonaro não admite que nenhum dos seus Ministros ganhe mais notoriedade do que ele. Mandetta, ademais cometeu um delito capital para Bolsonaro. Articulou-se a aliou-se aos inimigos de Bolsonaro. Para ele os que se opõe são inimigos e não simplesmente adversários. E segue a máxima: os amigos dos meus inimigos é meu inimigo. Os inimigos dos meus inimigos é meu amigo.
Mandetta tornou-se o inimigo nº 1 de Bolsonaro, estando dentro do seu Governo, conduzindo um combate ao coronavirus aliado aos inimigos do Presidente: a esta altura o Inimigo nº 2, João Dória e o Inimigo nº 3, Wilson Witzel. 
A maior, ou unica e absoluta, obsessão de Bolsonaro é o poder. Ele é inteiramente movido por um projeto de poder. A principal manifestação de poder para ele está na caneta. Caneta para admitir e demitir. 
Ele quer, porque quer, demitir Mandetta e só vai sossegar quando conseguir afastá-lo do Governo. Como não conseguiu demiti-lo, faz de tudo, para desestabilizá-lo e levá-lo a pedir para sair. Ele já mandou o substituto se aquecer para tomar o lugar. 
Mas Mandetta, com o apoio da maior parte da torcida já fez o sinal de que "não saio". E outros jogadores já sinalizaram que se ele sair, saem juntos. 
O treinador tem que trocar o time inteiro e ele não pode fazer isso. 
Teremos uma semana de impasses e crises. 

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