quarta-feira, 1 de abril de 2020

Contaminação por camadas sucessivas e sobepostas

A contaminação pelo virus SARS-COV2, causador da doença COVID-19, em um país ou em parte deste (bairro, municipio, região metropolitana ou estado) ocorre em camadas sucessivas e sobrepostas.
A primeira é importada e atinge as camadas de renda alta, com capacidade de passar férias no exterior, fazer viagens a negócios, etc.que  voltam do exterior já contaminados. Alguns não apresentavam sintomas, mas contaminaram terceiros.
A segunda camada ocorre uma contaminação interna, mas propagada pelo retornante contaminado. Este para comemorar o retorno, convidou a família e amigos para um churrasco, um almoço ou jantar, onde acabou por transmitir o vírus para os convidados. Alguns foram contaminados, apresentando sintomas e confirmados por testes. Outros, não apresentando sintomas, não passaram por testes.
Ficaram conhecidos polos de contaminação em casamentos de "ricos ou famosos", no Rio de Janeiro e na Bahia. Mas nesse caso em resorts, mais frequentados por paulistas. Em um deles um grupo de convidados  teria levado  o vírus para o Ceará.
Esta camada também se concentra em pessoas de alta renda,  que tiveram contato com um retornante. Mas, em função do modelo de trabalho brasileiro, que congrega milhões de trabalhadores domésticos, alguns deles que trabalhavam nas residência do contaminados também foram infectados e levaram o vírus para as localidades onde moram. Podem ter contaminado terceiros, dentro do ônibus, do trem, do metrô ou das barcas.
Os com renda continuaram almoçando em bons restaurantes e frequentando os bares em happy hours ou baladas noturnas, podendo ter contaminado outros frequentadores, assim como garçons e outros trabalhadores. 
A contaminação dos trabalhadores, seja nos transportes coletivos, como em aglomerações e muito nas condições precárias de moradia, que não permite o isolamento, contribui para uma inflação de casos comprovados. Essa camada se concentra territorialmente, restrita - inicialmente - nos grandes centros urbanos, onde os transportes coletivos estão sempre superlotados, nos horários de pico e onde há uma grande concentração de favelas. 
A quarta camada ocorre na disseminação do vírus por todo o Brasil, levado pelos viajantes, a partir dos polos de contaminação. Em alguns poucos estados a origem foi de viajantes internacionais, mas a principal difusão foi pelos viajantes nacionais. 
Uma análise da evolução das curvas de contaminação em todo Brasil e, separadamente, de São Paulo, mostra que São Paulo, vinha reduzindo a velocidade de contaminção, enquanto essa continuava acelerada, nos demais Estados. 
O crescimento diário das contaminações em São Paulo, tinha caido abaixo de dois dígitos, sendo de 3,2% no dia 29 e 4,5% enquanto os demais estados seguiam acima de dois dígitos. Mas no dia 31 de março houve um "repique" e a velocidade passou para 54,2%, ao dia. Os demais estados ficaram dentro do mesmo padrão de velocidade, próximo a 10% ao dia. O crescimento das contaminação nas estatísticas nacionais é devido à "explosão" da contaminação em São Paulo. 
Pode ter sido ampliado, ficando "fora da curva", ou mudando a curva, pela maior intensidade dos testes. A suspeita mais provável é que o vírus chegou às favelas, sem os Governos terem estratégias bem estruturadas para enfrentá-lo nesse flanco desguarnecido.
Quaisquer que sejam as explicações o fato é que o ritmo de contaminação ainda não está sob controle, permanecendo o risco de colapso no sistema de saúde. Ainda não dá para afrouxar nas políticas de isolamento, podendo até ser ampliado em São Paulo. 


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