A articulação com o Congresso (3)

Conforme analisamos anteriormente a articulação do Governo com o Congresso envolverá pelo menos 3 grandes cortes: o vertical, que é o mais tradicional; o horizontal, que é a negociação no varejo, individualmente com cada deputado ou senador e um terceiro, transversal, com as bancadas temáticas.
Diante das promessas de Bolsonaro de total renovação das práticas politicas, não fazendo o "troca-troca" com os políticos repudiados pela maioria da população, mas obrigado a negociar com eles para a aprovação no Congresso, tem que buscar inovar, com alto risco de insucesso.
De um lado precisa atender aos pleitos dos congressistas, mas de forma controlada para evitar que esse atendimento seja caracterizado e difundido como uma prática tradicional: espúria e repudiada pela maioria da população.
A maioria dos deputados efeitos não aceita as limitações. Não está preocupada com os impactos sobre o sentimento do conjunto total da população brasileira. Está preocupada com os impactos sobre os seus eleitores e a população das suas bases eleitorais. As quais não são nacionais, mas sempre estaduais. 
Nenhum deputado federal ou senador é eleito nacionalmente. São eleitos estadualmente. E muitos são eleitos localmente: como despachantes de interesses comunitários.
Essa percepção é a que comanda as estratégias dos candidatos à Presidência das respectivas casas. Estaria agora sendo assumidas pelos negociadores do novo Governo, sob a liderança de Onix Lorenzoni.
Lorenzoni está formando uma "tropa" de ex-deputados não reeleitos, todos  integrantes do baixo clero atual, para obter no "corpo a corpo" o apoio individual de cada deputado avulso. Avulsos são os deputados "desgarrados" das lideranças partidárias ou integrantes eventuais ("ad hoc") das frentes parlamentares. 
As frentes de atuação do "Exército de Brancaleone (ops) de Lorenzoni" serão estaduais. As suas principais armas serão cargos federais no Estado e emendas parlamentares de bancada e individuais.
Embora haja muito ceticismo sobre essa inovação, essa tem uma lógica política consistente. É o reconhecimento de que a Câmara dos Deputados é, na realidade, um grande colégio de despachantes. Não de representação ideológica ou programática nacional. Esses seriam uma minoria. 
Tem condições políticas de dar certo, mas dificilmente será "engolido" pela maioria da população. 
A oposição fará o papel de denúncia das práticas fisiológicas, com capacidade de adesão crescente da população, caso os resultados efetivos da ação governamental não sejam os esperados pela população.
O "exército de Lorenzoni" terá um papel fundamental, no sucesso (ou não) do novo Governo, tendo que enfrentar o "fogo amigo".

(cont)


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