Mostrando postagens com marcador Bolsonaro. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Bolsonaro. Mostrar todas as postagens

sábado, 13 de março de 2021

Lula, meio livre

Lula está jurídica e politicamente livre, mas não como ele e o PT desejam. Ele não está condenado, mas tampouco inocentado. Ele não está julgado, porque os julgamentos foram anulados por incompetência. 

Continua como réu, só que agora será julgado em Brasilia. Mesmo que condenado em primeira instância, para que se torne inelegível, dependerá de decisão colegiada do TFR, o que não será rápido.

Permanece a pendência da anulação por suspeição de Sérgio Moro, cuja conclusão do julgamento poderá ultrapassar a outubro de 2022, diante dos interesses políticos conflitantes entre Bolsonaro e as lideranças do Centrão.

Lula será candidato à Presidência da República, como fato consumado e reconhecido pelos agentes políticos e pelo eleitorado. O seu nome fará parte das pesquisas de intenção de votos. A evolução da aceitação e rejeição dele, determinará o comportamento dos demais candidatos.

As circunstâncias serão bem diferentes em relação a 2018.

Cinco são os principais itens da pauta eleitoral: saúde, economia, (des)emprego. politica social e corrupção.

Jair Bolsonaro, no quadro atual não ocuparia a primazia em nenhuma das circunstâncias, superado por Mandetta no combate à pandemia; por Sérgio Moro, no combate à corrupção; por Lula na política social. Esta fraco na economia e no combate ao desemprego.

Seria equivalente a uma competição de pentatlo. Bolsonaro sabe bem que para vencer não precisa ser o primeiro em alguma das modalidades. Basta ser o segundo ou até o terceiro em todas, desde que o vencedor de uma delas, seja muito fraco em outras. O que vale é a soma dos pontos. 

A ele interessaria a diversidade de candidatos e não a 

polarização com um candidato, para vencer no 

conjunto.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

O apoio empresarial a Bolsonaro - cenários alternativos

 Grande parte do empresariado brasileiro votou em Jair Bolsonaro, em 2018, motivado pela fobia pelo PT, segundo eles um governo "quase-socialista" com ampla intervenção do Estado nas atividades econômicas e praticando uma "enorme roubalheira" dos cofres públicos.

A sua preferência inicial era por Geraldo Alckmin, mas denúncias de participação em esquemas de corrupção no Governo de São Paulo o enfraqueceram, reforçando a visão de fraqueza pessoal para enfrentar a agressividade do PT.

Jair Bolsonaro reunia duas condições de agrado dos empresários: aderiu a uma pauta pró-empresa na economia com a redução da interferência estatal nas suas atividades e propugnou a eliminação completa da concussão, isto é, da extorsão praticada por agentes públicos.

O seu programa priorizava outras questões, como a armação da população, combate ao "politicamente correto" - defendida pela esquerda - principalmente no que ele entendia como ofensa aos valores tradicionais da família brasileira.

Para os empresários, representavam "danos colaterais" sem prejuizo dos objetivos principais: liberalismo econômico e combate à corrupção.

Depois de um primeiro ano de embate com os demais Poderes, tentando ganhar mais poder autoritário, conseguindo apenas a aprovação de meia reforma previdenciária, mas aceita pelos empresários, como melhor de nada e quando a macroeconomia dava sinais de retomada, após uma longa crise, o Brasil foi alcançando - em cheio - pela pandemia do novo coronavirus - o SARS - COV 2, causador da COVID 19, que já provocou a morte de mais de 200 mil brasileiros.

Bolsonaro sempre se posicionou a favor das reivindicações empresariais, colocando-se contra às restrições de funcionamento de atividades econômicas, tanto da indústria, como nos serviços. Não conseguiu levantar, através do Governo Federal as restrições estabelecidas pelos Governos Estaduais e Municipais, por decisões judiciais.

Mas manteve o apoio empresarial. Com este apoio, mais dos sectários do bolsonarismo, manteve um comportamento de contestação e rebeldia, promovendo aglomerações, sem uso de máscara, debochando ou minimizando a gravidade da doença, opondo-se à vacinação, opondo-se à compra das vacinas  CORONAVC, caracterizando-as como a "vacina chinesa de Dória", declarando que não tomará nenhuma das vacina contra o coronavirus e propugnando o tratamento precoce com a cloroquina.

Teve um reforço no apoio popular pela aprovação de um auxílio-emergencial, no valor de R$ 600,00 mensais, mas a partir do final de 2020 passou a acumular fatores adversos que estão minando o apoio empresarial.

A  flexibilização das restrições à movimentação das pessoas e ao funcionamento das atividades econômicas, por parte dos Governos Estaduais e Municipais, para atender às reivindicações e pressões empresariais no período de festas e de maiores compras pelos consumidores levou a um novo surto de contaminações e de óbitos, 

As tentativas dos Governos de restabelecer as restrições, alguns mais radicais, provocou a reação contrária, contestações e movimentos  de rua dos comerciantes e demais empresários. opondo-se às medidas, pressionando os governantes a voltar atrás, mantendo as flexibilizações. 


...

Em Manaus, diante da pressão empresarial, o Prefeito recuou e deu margem a um surto, criando a maior crise sanitária brasileira da era COVID-19.

Ainda em dezembro de 2020, as primeiras vacinas ficaram prontas, para uso experimental, começando a ser aplicada em diversos países, enquanto no Brasil o estoque de vacinas COVID 19 já em território nacional dependia de aprovação da ANVISA. 

A disputa política de Bolsonaro e Dória, atrasou o inicio da vacinação, mas afinal foi iniciada nesta semana começando a contagem dos prazos a partir do quais o Brasil poderá considerar controlados os efeitos do coronavirus e voltar à normalidade, ainda que um "novo normal".

A esperança dos empresários é que a economia volte a funcionar normalmente e eles possam voltar a produzir mais, investir mais, empregar mais e lucrar mais. 

Com a retomada da economia, como os empresários vão se posicionar em relação a Jair Bolsonaro? Podemos desenhar 3 cenários básicos:

  • manutenção do apoio;
  • "em cima do muro";
  • passar a apoiar a sua saída.
No primeiro cenário, apesar de considerar as resistências, desencontros e atrasos, aceitam que ele teve coragem de mudar, assumiu o comando da vacinação nacional e livrou o Brasil da sua mais grave ameaça, sem qualquer denúncia ou indício de corrupção, de desvios de recursos públicos, que teriam ocorrido em governos estaduais e municipais. Vão manter a avaliação de que o Governo é ótimo ou bom, nas pesquisas, reforçando a imagem de apoio popular. A racionalização pessoal é de que se fosse um governo petista, todo o processo teria sido acompanhado, por um grande desvio dos recursos públicos. Todo os recursos federais destinados à vacinação e geridos diretamente pelo Governo Federal chegaram aos destinatários, não podendo o Presidente ser responsabilizado por desvios praticados por outros entes federativos.

No segundo cenário, os empresários aceitam a versão de que Bolsonaro teve coragem de mudar e, como Presidente da República, assumiu o comando nacional da vacinação, sem abrir mão das suas convicções pessoais, promovendo a normalização do funcionamento da economia, ainda que de forma lenta e com baixo rendimento. Aceitam a mudança de comportamento como um sinal positivo, mas não suficiente para avaliar o seu governo como ótimo ou bom. A esperança e confiança na reabertura total da economia, não os leva a negativar a avaliação como ruim ou péssima. Ficam no regular, deixando a variação das avaliações por conta dos outros. Os empresários ficam "em cima do muro".

O terceiro cenário é caracterizado pela insatisfação dos empresários com a situação da economia brasileira, estagnada e sem segurança de retomada, no curto prazo. Com a vacinação iniciada, se não ocorrerem novos percalços, a "imunidade de rebanho" só seria alcançada em meados de 2022. Só então o consumo das famílias, principal motor da economia, voltaria a se dinamizar, pela retomada de confiança dos consumidores. As flexibilizações nas restrições, com a reabertura de mais atividades econômicas, promovidas pelos Governos Estaduais e Municipais, teriam indicadas uma baixa recuperação, na economia, mas um alto impacto negativo nas condições sanitárias. 
Os empresários passam a aceitar e assumir a narrativa de que Bolsonaro, com a sua posição negativista, de cura com remédios familiares, atrasando o planejamento e as providências preliminares para efetivar a vacinação em massa, o quanto antes, atrasou o processo de vacinação, comprometendo a retomada da economia. 
Mesmo iniciado o processo, a sua continuidade está sob risco, pela dificuldade ou obstáculos colocados pela China ou Índia, os principais supridores de insumos para as vacinas, em decorrência de erros na visão estratégica, em relação a esses países. 
Perceberam que o escudo da suposta proibição do STF de tomar as providências cabíveis era falsa. Bolsonaro percebeu - tardiamente - que o comando supremo da vacinação nacional é do Governo Federal. Retardou a vacinação e a retomada da macroeconomia, mesmo com os alertas de Paulo Guedes de que a vacinação era o único meio para assegurar a recuperação da economia.
Isso os levará a - predominantemente - reprovar a atuação do Governo, votando no péssimo ou ruim, nas pesquisas. Ajudaria a ampliar a imagem de desaprovação popular do Presidente.
Diante desse quadro, alguns dos empresários bolsonaristas, mudariam de posição, passando apoiar a sua saída precoce. Entendem que a sua permanência compromete a velocidade na retomada da economia. 












 


sábado, 2 de janeiro de 2021

Líder da oposição

 Aparentemente o Brasil não tem um líder de oposição política. As pessoas estão muito focadas no Governo Federal, numa oposição ao Presidente da República ou no seu partido.

Com um Presidente da República personalista, nunca partidário, que se recusa a governar, de cuidar dos desafios nacionais, Governadores de Estado e Prefeitos Municipais, assumiram a responsabilidade de enfrentar a pandemia do novocoronavirus, com a adoção de medidas restritivas, para conter a contaminação e organização emergencial dos seus sistemas de saúde pública, para atender às demandas de internações da população do seu Estado ou Municipio, cuidar da saúde dos adoecidos pela COVID 19, e conter ou reduzir o número de mortes pela doença.

Os Governadores e Prefeitos que assumem a governança enfrentam um grande opositor político, contestando, combatendo as suas medidas restritivas, que ademais tem soluções simplistas, baseadas em crenças e não em comprovações científicas, para curar os doentes. Jair Bolsonaro, o atual Presidente da República prefere não governar e assumir a liderança da oposição aos Governos Estaduais e Municipais. 

Neste final de ano, nesse exercício de oposição política, criou ou aproveitou todas as oportunidades, com cobertura midiática, para incentivar a desobediência civil, promovendo aglomerações proibidas, sem os devidos cuidados sanitários. Ao contrário, como opositor, contesta tais cuidados e atribui todas as responsabilidades e consequências dos seus atos às próprias pessoas. Quem ache que a doença não é perigosa, ou quer assumir os riscos, que o façam. Já os impactos sobre terceiros é de responsabilidade desses: "cada um que cuide de si e não espere que o outro cuide de você". 

Com a sua presença pessoal em eventos proibidos ou desacatando ostensivamente as medidas sanitárias, mantém a fidelidade dos seus seguidores e devotos e tem ganhado adesões adicionais. 

Assegura, assim, a sua reeleição em 2022. Não para assumir o Governo, mas para liderar a oposição aos seus desafetos ou concorrentes.

Em síntese, na área federal não temos governo, só oposição. 

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Opinião publicada, em dissonância com a opinião pública

  A opinião publicada é dominada pela visão humanista, emocional, sanitarista e aterrorisada com a sucessão de mortes diárias causadas pela COVID-19 e supõe-se que seja altamente crítica ao Presidente de República e ao Governo Federal e os desaprove. 

As pesquisas feitas durante as campanhas eleitorais de 2020, nas principais capitais, dentro das indagações sobre as intenções de votos, mostravam uma desaprovação pouco acima da aprovação, dentro da faixa de 30%. O apoio de Bolsonaro a candidatos teve efeitos negativos e nenhum dos apoiados foi eleito.

As interpretações predominantes foram de uma compensação positiva da concessão do auxílio emergencial, às percepções negativas das ações ou inações do Presidente diante da pandemia.

Nova pesquisa feita pelo DataFolha, com indagações específicas sobre o enfrentamento da COVID 19, leva a interpretações diferentes: a população brasileira não desaprova fortemente a ação/inação de Bolsonaro, sendo que metade o isenta pelas mortes.

A diferença poderia ser explicada pela visão da opinião não publicada e também da opinião publicada alternativa (a da rede social) que teria uma posição majoritária de apoio ao posicionamento de Bolsonaro.

Válida ou não, segurmente será adotada por Bolsonaro que seguirá com o seu negacionismo ou minimização da doença, agora acrescida da descrença ou desconfiança em relação às vacinas, principalmente a de origem chinesa, "made by Doria".

Ele próprio não tomará a vacina, lutará contra a obrigatoriedade de vacinação e não terá nenhuma preocupação com a demora da vacinação em massa. Só mudará de posição se perceber que a vacinação em massa será um desejo incontido de mais de 2/3 da poopulação, incluindo os seus adeptos. Estes resistirão, mas poderão ser levados pelo "efeito manada": difícil, mas possível.

O cenário mais provavel, para 2021 é da vacinação retardada e parcial, somente se completando em 2022, com a continuidade do ritmo de contaminações e de mortes, alançando mais de 200.000 óbitos, antes do final do primeiro trimestre de 2022, mas já em ritmo decrecente. 

Não será um ritmo uniforme, seja nos períodos, como nas localidades, fazendo com que alguns Governadores e Prefeitos venham a adotar novas medidas restritivas, afetando a evolução da economia. 

segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Bolsonaro sem partido


Frustrada a tentativa de criar e organizar – em curto prazo – um novo partido, Jair Bolsonaro está saindo em busca de um partido para se filiar.

Os Bolsonaros não querem - simplesmente - se filiar a um partido, por identidade ideológica ou programática, mas tentar assumir plenamente o controle de um partido já registado pelo TSE, para dar base às campanhas de 2022.

Bolsonaro e o seu clã familiar não terão a mesma condição de 2017/18 para assumir o controle de um partido político já registrado e representativo,  mas provavelmente conseguirão com um partido, com baixa ou nenhuma representação atual no Congresso e sob risco de extinção diante das cláusulas de barreira. Além disso poderá oferecer vantagens econômicas aos atuais "donos do partido".  

 

Continue a receber e ouvir os 120 segundos do podcast com os comentário completos, fazendo ou renovando a sua assinatura.

A assinatura abrange o recebimento, pela rede social, de um artigo e três podcasts semanais.

O valor da assinatura mensal é de R$ 30,00 e pode ser feita por um mês ou por múltiplos de meses. Há promoções para assinaturas familiares. R$10,00 mensais nas assinaturas adicionais, para o mesmo período da assinatura principal.

Aproveite para manter a continuidade do recebimento do podcast com a promoção para as assinaturas anuais: “pague 11 e leve 12”, com valor de R$ 330,00 e mais os cenários para as eleições de Prefeito Municipal, de brinde. O valor da assinatura familiar anual é de R$ 100,00. “pague 10 e leve 12”.


A assinatura é feita mediante transferência bancária para uma das contas abaixo. Peço que me encaminhem foto do comprovante bancário, pelo whats-app, para receber o comprovante da assinatura.

ITAU (341) – Agência 8145 – conta 09287-3;

CAIXA ECONOMICA FEDERAL – Agência 1221 – conta 013 – 00064068-5;

SANTANDER (033) – Agência 4602 – conta 01000304-4;

BRADESCO (237) – agência 3103 – conta 0264290-5

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

2022 em função de 2020

 As eleições municipais, em grande parte nacionalizadas, em função da intervenção do Presidente da República, apoiando vários candidatos, sejam a Prefeitos Municipais como vereadores, não deram continuidade ao movimento de renovação emergida, com grande força, em 2018. A renovação prometia acabar com a Velha Política e instaurar uma Nova Política, livre do troca-troca (“toma cá, dá lá) no Congresso Nacional e extirpar inteiramente a corrupção da Administração Pública.

Foram duas propostas de renovação concomitantes: a renovação bolsonarista que, além dos objetivos acima, trazia no seu bojo propostas conservadoras em relação aos costumes e a proposta de armamento da população. Outra era de uma renovação, com o ingresso de novatos na política, com mudanças substanciais na forma de fazer política, combatendo, além da corrupção e do troca-troca, combater o corporativismo e ou mau uso dos recursos públicos.

A renovação trouxe novas personagens ao mundo político, algumas bem sucedidas e outras desastrosas.  Dois dos Governadores novatos, eleitos na onda bolsonarista, estão afastados, sob risco de cassação definitiva, sendo que sobre Wilson Witzel há acusações de corrupção.

2020 não deu continuidade aos movimentos de renovação. Na maioria das capitais estaduais, prevaleceu a experiência, o conhecido e não a renovação, a expectativa de grandes mudanças.

Vários Prefeitos foram reeleitos, Prefeitos atuais e ex-Prefeitos poderão vencer o segundo turno.

Com a reversão da tendência, os principais perdedores são os potenciais candidatos “out-siders”, como Luciano Hulk e Sérgio Moro, cuja imagem de renovação não terá o mesmo apoio eleitoral.

Jair Bolsonaro foi o maior perdedor, com poucos dos seus apoiados eleitos, ou chegando ao Segundo Turno.  A sua maior derrota foi em São Paulo, relacionada com o aumento da desaprovação do seu Governo, alcançando 50%.

Perdeu substância no Rio de Janeiro, com votação de Carlos Bolsonaro bem menor que a desejada, perdendo ainda a posição de vereador mais votado, para o candidato do PSOL.

Bolsonaro terá que se reinventar para ser competitivo em 2022.

Já deu diversos passos nesse sentido. Associou-se ao centrão, restabelecendo o troca-troca, abandonou o combate à corrupção, fixou-se no auxílio emergencial como base eleitoral.

Reassumiu a sua verdadeira pele de Velho Político, desvestindo a roupa de Nova Política. Já percebeu que a Nova Política não será o tema principal das eleições presidenciais de 2022. 

Irá concorrer como um verdadeiro populista, o que o torna competitivo, apesar do "tampamento de nariz" da elite. 

sábado, 14 de novembro de 2020

Capitão (reformado) x General (reformado)

O General de Exército Hamilton Mourão emergiu dentro da corporação militar, como um líder, da facção remanescente do frotismo, defensor ferrenho da – para eles - revolução de 64 e a favor da intervenção militar, em nome da lei e ordem, além de visões conservadoras em relação aos costumes.

Com a inviabilização política e jurídica do poder de intervenção militar - sem golpe de Estado - supostamente prevista na Constituição Federal, os seus defensores ficaram enfraquecidos.

Com o enfraquecimento desses, Bolsonaro buscou apoio no Centrão, gerando insatisfação maior no meio militar.

Terá que se preocupar ainda com os "intervencionistas militares" que foram uma importante base de apoio antes e depois das eleições que estariam achando que ele não está cumprindo a sua missão e deve entregar o cargo ao General Mourão, mais preparado para tal.

 

Ouça o podcast "em 120 segundos o amanhã em função do hoje" com os comentário completos, fazendo a sua assinatura.

O valor da assinatura mensal é de R$ 30,00 e pode ser feita por um mês ou por múltiplos de meses. 

Aproveite para manter a continuidade do recebimento do podcast com a promoção para as assinaturas anuais: “pague 11 e leve 12”, com valor de R$ 330,00 e mais os cenários para as eleições de Prefeito Municipal, de brinde. 

A assinatura é feita mediante transferência bancária para uma das contas abaixo. Peço que me encaminhem foto do comprovante bancário, pelo whats-app, para receber o comprovante da assinatura.

ITAU  – Agência 8145 – conta 09287-3;

CAIXA ECONOMICA FEDERAL – Agência 1221 – conta 013 – 00064068-5;

SANTANDER  – Agência 4602 – conta 01000304-4;

BRADESCO  – agência 3103 – conta 0264290-5

Agora tem a alternativa de fazer a assinatura pelo PAYPAL, a favor de JORGE HORI, e-mail hori@macbb.com.br

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Mudança na politica ambiental

A floresta amazônica é percebida como o "pulmão do mundo”.

Se não cuidar dela o Brasil sofre o risco de sanções econômicas e financeiras.

O temor de empresas e investidores brasileiro, com as ameaça de ter os seus bens no exterior bloqueados, levarão Bolsonaro a uma ação mais pragmática, passando a cuidar da floresta amazônica e aceitar a colaboração internacional.  

Para ouvir  o comentário completo, faça a assinatura os  do podcast  "120 segundos, o amanhã em função do hoje. A assinatura dá direito a receber  um artigo em texto e 3 podcast semanais.

O valor da assinatura mensal é de R$ 30,00 e pode ser feita por um mês ou por múltiplos de meses. Há promoções para assinaturas familiares. R$10,00 mensais nas assinaturas adicionais, para o mesmo período da assinatura principal.

Aproveite para manter a continuidade do recebimento do podcast com a promoção para as assinaturas anuais: “pague 11 e leve 12”, com valor de R$ 330,00 e mais os cenários para as eleições de Prefeito Municipal, de brinde. O valor da assinatura familiar anual é de R$ 100,00, “pague 10 e leve 12”.

A assinatura é feita mediante transferência bancária para uma das contas abaixo. Peço que me encaminhem foto do comprovante bancário, pelo whats-app (+55 11 992 739 100), para receber o comprovante da assinatura.

ITAU  – Agência 8145 – conta 09287-3;

CAIXA ECONOMICA FEDERAL – Agência 1221 – conta 013 – 00064068-5;

SANTANDER  – Agência 4602 – conta 01000304-4;

BRADESCO  – agência 3103 – conta 0264290-5


segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Sacode a poeira, dá a volta por cima

Com a eleição de Joe Biden, apesar da contestada por Trump, o que importa para Jair Bolsonaro não é como ele vai se relacionar com o novo Presidente Norte-Americano, ou como vão ficar as relações comerciais entre os EUA e o Brasil. 

O que lhe importa é como se sustentar no cargo, nos próximos dois anos e ser reeleito em 2022.

Apesar de ter indicado um novo Ministro para o STF, não formou maioria para se blindar e blindar os seus filhos. Teria 3 votos, com tendência a seu favor e mais um 4º, sempre imprevisível, mas ainda ficaria com 7 desfavoráveis. Não  pode titubear e cometer qualquer deslize, que leve a uma decisão do plenário do Supremo.

No Congresso Nacional, a sua base firme é muito pequena e depende do Centrão para evitar o risco de impeachment ou mesmo de ações que poderão desgastar a sua imagem.

O Centrão é voraz na fome por cargos e fica na espreita de cargos cujo Ministro fica enfraquecido. Provavelmente já tem nomes para os Ministérios do Meio Ambiente e de Relações Exteriores.

Na política externa, Bolsonaro orientado ou influenciado por Olavo de Carvalho, tendo Eduardo Bolsonaro, como o mensageiro, optou por um total alinhamento a Donald Trump, posicionando-se contra a globalização, o multi-lateralismo internacional e confrontando a China. 

Seguindo leamente seu "chefe" adotou um discurso negativista, mas não chegou a adotar nenhuma medida concreta, exceto na área ambiental.

Sem a reeleição de Donald Trump, Bolsonaro perdeu o norte e o apoio irrestrito dos sectários bolsonaristas, mantidos "trumpistas" pelo fogo cerrado, mantido pelas redes sociais.

Fora o nucleo duro dos olavistas, a microcultura "anti-China" vem perdendo adeptos, além da ala do agronegócio - que vem se beneficiando das compras dos seus produtos pela China -  e dos agentes do setor de infraestrutura que contam com dinheiro dos chineses para retomar os investimentos. A mais recente perda foi com a posição do Presidente, contra a compra da vacina coronavac, por ser de origem chinesa, para demonstrar a sua lealdade a Donald Trump, no final da campanha eleitoral. Pela mesmo motivo Bolsonaro se recusa a reconhecer a vitória da Biden-Harris, enquanto o seu lider negacionista não a aceitá-la.

Grande parte da população quer ser vacinada tão logo uma vacina segura esteja disponível, não importa a origem nacional.

O negacionismo de Bolsonaro se reflete na perda de popularidade nas grandes cidades, como indicam as pesquisas eleitorais recentes, com efeito negativo do seu apoio aos candidatos bolsonaristas.

O ganho de popularidade, com o auxílio emergencial, teria sido anulado pela sua postura em relação à pandemia, voltando a um patamar de aceitação do seu governo da ordem de 30%.

A persistência do patamar seria suficiente para levá-lo a um segundo turno, em 2022, mas não lhe garantiria a vitória.

Sem a obrigação ou propensão de manter o alinhamento incondicional a Trump a alternativa de Bolsonaro para conter a sangria da perda de popularidade, será "sacudir a poeira" é aceitar a vacinação contra o coronavirus, com as vacinas que estiverem disponíveis, contrariando os radicais antivacina, raivosos, barulhentos, com amplo uso da rede social, mas minoria, dentro do eleitorado nacional. Ademais a tendência dos gestores das redes é de cercear noticias falsas em relação às vacinas. 

Com uma personalidade bi-polar e radical, Bolsonaro poderá migrar de uma postura radicalmente contra a vacina para uma liderança nacional pela vacinação, para evitar que essa seja tomada pelos Governadores e Prefeitos, com ampla repercussão eleitoral.

Bolsonaro quer evitar que o Governador João Dória emerja como o campeão da superação da pandemia, mas a derrota de Trump, no apoio popular, lhe indica que o negacionismo não é uma boa estratégia eleitoral. Ele tem que tomar o lugar, seguindo o velho conselho de Dom João VI ao seu filho Pedro: "Põe a coroa sobre a tua cabeça, antes, que algum aventureiro, lance mão dela."


sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Ele só pensa naquilo

 Jair Bolsonaro, eleito pela primeira vez, deputado federal, pelo Rio de Janeiro, em 1990, desde a sua posse em 1991, sempre teve como sua primeira prioridade, a sua reeleição, no que foi bem sucedido, sendo reeleito, por 6 vezes. Só não concorreu à reeleição em 2018, por ter se candidatado à Presidência, no que foi igualmente bem sucedido. 

Associando posições ideológicas bem definidas - defendidas com plena convicção - com uma eficaz atuação como despachante de interesses corporativos, pavimentou o seu caminho político sempre voltado para a reeleição no pleito seguinte, sem correr riscos na manutenção do seu mandato de deputado, encoberto na falta de visibilidade do baixo clero da Câmara dos Deputados.

Buscar a reeleição sempre foi da natureza intrinseca da sua pessoa, ao longo da carreira política.

Não seria diferente na Presidência da República. Desde o dia em que tomou posse, no início de 2019, está voltado para a sua reeeleição em 2022. Nunca desceu do palanque, seja virtual, como presencial. 

Incorporou outros temas e posições para ganhar adeptos. Nunca foi "terrivelmente evangélico", mas se associou a lideranças das denominações, o que lhe proporcionou mais de 400 mil votos na sua última reeleição para deputado federal, em 2014, no Rio de Janeiro.

Nas eleições de 2018, ao perceber duas grande ondas ou tendências as incoroporou na sua campanha, associando-se à principal liderança, de cada uma delas: Sérgio Moro, do combate à corrupção e Paulo Guedes, da economia liberal.

Na Presidência da República, percebeu que - diferentente do baixo clero - está permanentemente sob os holofotes, com dificuldade de esconder as suas vulnerabilidades que colocam em risco a  governabilidade e o seu próprio mandato.

Tendo que alcançar as medidas que favoreçam a sua reeleição e ainda assegurar o seu mandato, já abandonou o cerrado combate à corrupção e está em vias de deixar o liberalismo econômico "guedista". Sempre movido pelo objetivo da sua reeleição em 2022.

Não será diferente, com relação à mudança do cenário norte-americano, com a provável derrota de Donald Trump. Este, derrotado nas urnas, tentará ganhar no "tapetão" e até a batalha final, contará com o pleno apoio e lealdade de Jair Bolsonaro.

Mas se confirmados, os resultados, Bolsonaro fará prevalecer o seu pragmatismo, inteiramente voltado para a reeleição, em 2022, em relação a quatro pontos principais:

  • gasto público acima do teto;
  • politica (anti) ambiental;
  • política de relações externas;
  • vacinação em massa, preventina à COVID-19.
Em 2021 deverá preservar o teto, apesar das pressões dos aliados politicos, para poder gastar mais em 2022.

Na questão ambiental o cenário mais provável é do reforçar a delegação da gestão da área, para a ala militar, sob comando do Vice-Presidente Hamiliton Mourão, ainda que preservando a manuntenção de Ricardo Salles, no Ministério do Meio Ambiente, para encobrir a militarização da área.

Sem a liderança de Trump, mudará as relações com a China e com a Comunidade Européia.

O Brasil corre maior risco de ser um pária internacional com a improvável reeleição de Trump - no tapetão - do que com Biden.

Sem Trump, Bolsonaro tenderá a restabelecer as relações com os paises europeus, buscando apoio institucionais e financeiros para a maior preserva ção da Amazônia e do Pantanal, minimizando o discurso de risco à soberania. 

Em 2018, provavelmente os "pró-ambiente" votaram majoritariamente em Bolsonaro, sem perceber claramente, os seus propósitos e compromisso com os predadores ambientais. Votaram em Bolsonaro, em função de outros temas da sua agenda, principalmente o combate à corrupção.

Em 2022, os "pró-ambiente", mais conscientes, tenderiam a votar contra Bolsonaro, caso mantida as políticas atuais. 
Para Bolsonaro o que importa é saber o tamanho desse eleitorado e o quanto esse pode influir no resultado das eleições. 
Eles são uma pequena tribo, em termos quantitativos, mas barulhentos que conseguem mobilizar os seus integrantes tribais internacionais, para uma pressão sobre o Governo, ou uma imensa comunidade nacional?
A visão de Bolsonaro é que ambinetalistas dinamarqueses, noruegueses, frances, alemães, ingleses, japoneses e outros, podem fazer discursos contra o Brasil, mas não são eleitores no Brasil. Não tem voto. A preocupação de Bolsonaro é o quanto a "piralha" pode influenciar o voto dos piralhos e piralhas brasileiras. Por que estes já terão alcançado a idade para serem eleitores. 

terça-feira, 3 de novembro de 2020

Um animal instintivo e esperto

  Jair Bolsonaro é um veterano da velha política, um animal político primário, instintivo e esperto, que sempre alcançou os seus objetivos politico-eleitorais, ao longo de 30 anos de carreira política.

Colocou três fantasias em 2018, com as quais foi - supreendentemente - eleito Presidente da República, com o voto de 47 milhões de eleitores: a de combate à corrupção, a da nova política e a da economia liberal.

Já arrancou duas delas, permanecendo ainda - provavelmente por pouco tempo - a de liberal, na economia, com responsabilidade fiscal.

Como representante da velha política, sempre teve como prioridade número um, da sua atividade política, iniciada ainda nos anos oitenta, do século passado, ser reeleito ou eleito para cargos mais importantes. Assim, iniciando a carreira, como vereador no Rio de Janeiro, foi eleito deputado federal e reeleito por 6 vezes. Não por acidente, mas porque desde o primeiro dia de posse, a sua prioridade absoluta foi ser reeleito, agindo para tal. Sempre foi bem sucedido, embora tenha uma atuação e produção legislativa, considerada pobre pelos analistas.

Mas Jair Bolsonaro nunca deu atenção aos analistas, mas total ao seu eleitorado. Sempre foi um eficaz despachante dos interesses corporativos da sua base eleitoral e, ao longo do tempo, foi agregando novas adesões.

Portanto não é estranho que ele "só pense na reeleição": é da sua natureza. 

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Campanha pessoal pró-Trump

 Na reta final da campanha para a eleição presidencial dos EUA, Jair Bolsonaro está em plena campanha a favor do seu "amigo" Donald Trump, por razões pessoais, ideológicas e pragmáticas.

Caso Trump perca, Bolsonaro ficará sem qualquer apoio internacional significativo para manter a antipolítica ambiental. Ao contrário terá que enfrentar cerrada contestação dos países europeus, tendo que se defender sozinho. Enfrentando, adicionalmente, oposição interna e apoio apenas de facção do agronegócio, da ala ideológica e da sua seita.

Se Trump não for reeleito, Bolsonaro fica órfão politica e ideologicamente e obrigado a assumir a chefia da família, isto é, a família dos dirigentes de direita, raros no mundo e todos de países de menor expressão demográfica, econômica e política que o Brasil. Apenas um deles, Israel, tem poder militar maior.

Terá competência para tal ou deixará a família direitista mundial inteiramente desmembrada, cada qual para o seu lado, sem uma liderança forte?

Se Trump não for eleito, a alternativa de sobrevivência política de Bolsonaro é migrar da extrema direita para o centro "centrão", abandonando a ala ideológica e ajustando a (anti) política ambiental e a de relações exteriores. 

Sem o apoio imaginário de Trump, a ala ideológica terá dificuldade, perante o Congresso em sustentar a presença de Ricardo Salles e de Ernesto Araújo, no Governo. Se o centrão os abandonar, ainda que por objetivos de ocupar os cargos, Bolsonaro não conseguirá mantê-los. Por onde anda Hugo Napoleão?

Abrandará ou abandonará o conflito contra a China, assumindo uma posição mais pragmática para consolidar as relações comerciais com aquele país.

Embora o Brasil não seja relevante na pauta eleitoral, Bolsonaro não pode deixar um flanco adicional de Trump perante Biden que já se posicionou em relação ao Brasil. Bolsonaro não pode deixar evoluir uma imagem pessoal de não estar empenhado na reeleição de Trump. 

Dai o discurso contra a vacina de origem chinesa, que será mantida ou esquecida em função dos resultados da eleição norte-americana. 

Aproveita para provocar e contestar João Dória, mas a motivação principal não é interna, mas externa. Esta vence essa semana.

Enquanto o Presidente mantém um fervoroso discurso pró-Trump, o Governo Brasileiro já está se preparando para um cenário Biden, presidente dos EUA.


quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Uma trégua relevante

 A trégua estabelecida esta semana, entre Lula e Ciro Gomes, altera os cenários de curto e médio prazos. 

A curto prazo, pode assegurar a permanência da esquerda na Prefeitura de Fortaleza, com o Capitão Wagner ora com preferências de votos suficiente para chegar ao segundo turno, concorrendo com um dos dois candidatos da situação: Sarto do PDT e Luzziane pelo PT. O que for, deverá ter o apoio pleno do eleitorado do outro, para em conjunto derrotar Wagner que representa o bolsonarismo, embora não tenha o apoio declarado de Jair Bolsonaro.

A unificação também poderá ocorrer no Rio de Janeiro, onde Crivella, o candidato apoiado por Bolsonaro, vem perdendo preferências de votos, podendo ser substituído, no segundo turno pela Delegada Marta Rocha (PDT) ou por Benedita da Silva (PT). Para assegurar essa presença, a trégua poderia levar à desistência - ainda no primeiro turno - da pior colocada nas pesquisas entre as duas. O que é pouco provável.

Dentro dessa perspectiva Bolsonaro não conseguiria a eleição de nenhum dos seus apoiados expressamente ou que usaram o seu apoio consentido nas grandes capitais.

Significaria que Jair Bolsonaro ainda teria grande apoio popular pessoal, mas com pouca capacidade de influenciar o voto dos seus seguidores. 

A médio prazo, para as eleições de 2022, Bolsonaro teria que enfrentar um candidato de esquerda, sendo o cenário mais provável Ciro Gomes, em função da persistência dos impedimentos judiciais de Lula. O PT não teria candidato, tampouco os demais partidos de esquerda, com exceção do PSOL. Embalado com os resultados da eleição municipal de São Paulo, sem conseguir vencer a final, Guilherme Boulos tentaria - novamente - a Presidência da República, mesmo que seja apenas para reforçar a formação de uma significativa bancada de parlamentares no Congresso Nacional.

O centro-direita, provavelmente com Dória e mais um candidato do centro-centro levariam, as eleições de 2022 ao segundo turno, dada a dispersão dos votos, contrariando a expectativa de Bolsonaro de vencer no primeiro turno. 

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Confronto entre as alas palacianas

  Após um longo período de trégua, com o desvio das batalhas para outros territórios, a disputa entre a ala militar e a ala ideológica pelo poder de influência sobre o Presidente Bolsonaro, foi retomada com a bomba lançada por Ricardo Salles contra o General Ramos.

A ala ideológica tem a liderança do filho Eduardo Bolsonaro, com o apoio dos irmãos. Controlam o Ministério das Relações Exteriores e o da Educação. Tem a adesão do Ministério da Mulher e a do Meio Ambiente. Não tem nenhum cargos ministerial dentro do Palácio do Planalto, mas como filhos tem acesso direto ao pai e mantém sectários do bolsonarismo em gabinetes de segundo e terceiro escalão. Tem como "ponta de lança" o Ministro-Chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira, que está em saída para o TCU.

Aparentemente sem força suficiente, o petardo de Salles contra Ramos teria sido uma reação impulsiva ou a ala ideológica teria percebido um enfraquecimento da ala militar, junto ao Presidente. 

Diante do confronto instalado, Bolsonaro terá que arbitrá-lo, buscando o armistício, ou optar por uma das alas, o que seria caracterizado por demissão ministerial: Salles ou Ramos.

O cenário mais provável é do armistício o que já está em andamento com Ramos não respondendo e um recuo de Salles. Bolsonaro deu manifestações de afago e apoio a ambos. Mais este embate poderá ser superado, mas o confronto potencial continua latente.

Com a eventual reeleição de Trump, o que depende de uma virada, na reta final, a ala ideológica se sentirá fortalecida, podendo avançar no atendimento a Israel para mudar a embaixada brasileira para Jerusalém e apoio de Trump contra a China, afetando o agronegócio. Poderá conseguir a mudança, dentro do Planalto, de alguns Ministros de origem militar, assumindo a hegemonia na influência sobre o Presidente, dentro daquele palácio.

Além da reação do agronegócio, que ainda está predominantemente a favor de Bolsonaro, poderá ter a reação contrária da equipe econômica que vem negociando e tem expectativa de grandes investimentos do mundo árabe e dos chineses no Brasil.

A hegemonia da ala ideológica poderia levar a uma crise nas contas externas, um dos pontos positivos da macroeconomia.

O enfraquecimento da ala militar poderá afetar o apoio das Forças Armadas a Bolsonaro, reduzindo ainda mais a força de pressão da qual se valia para pressionar o Judiciário e o Congresso. No STF dependerá da atuação da sua base de apoio, formado por Toffolli, Gilmar Mendes, agora reforçado por Kássio Marques, em conseguir a adesão segura de mais 3 Ministros, formando a maioria. Não parece viável, a curto prazo. No Congresso dependerá cada vez mais da cooptação, a preços altos, do Centrão.


A vitória da ala militar manteria viva a pressão sobre os outros poderes, embora a perspectiva antidemocrática esteja mais distante de ocorrer. O receio da tentativa, no entanto, remanesce, requerendo que os pro-democracia mantenham se alertas. 

Associada a uma não reeleição de Trump, a ala ideológica se retrairia, mantendo as posições dentro do Governo, mas sem a mesma força. O Brasil não mudaria a Embaixada brasileira em Israel para Jerusalém, tampouco assumiria uma posição forte contra a China.

Mas a política externa brasileira passaria a dar mais importância às questões geopolíticas e geomilitares do que às ideológicas. 

A principal preocupação seria com as mudanças de poderio militar no mundo e de seu impacto na guerra fria.

A ala militar defende a retomada do desenvolvimento através do aumento de investimentos públicos, em infraestrutura, contrapondo-se à politica fiscalista do Ministério da Economia.

Não tem se oposto à privatização e à abertura do mercado para investimentos externos, mas mantém o receio de que os chineses aproveitem a oportunidade da crise, para "comprar o Brasil" a preços depreciados.

sábado, 24 de outubro de 2020

Uma sucessão de batalhas

  Dentro da guerra da eleição de 2022, Dória fez um avanço com a vacina "chinesa" conquistando posições dentro da Administração Federal, dentro da perspectiva de que seria primeira vacina contra o coronavirus SARS-COV 2, pronta para ser aplicada largamente.

Voltado para outras questões Jair Bolsonaro não percebeu, de imediato, a operação, cercada por argumentos científicos.

Ao perceber lançou um "fogo de barragem" para impedir o avanço da operação e satisfazer os seus seguidores radicais. Enquanto o público estava entretido com a pirotecnia, buscou reorganizar a sua tropa, desmentindo o que os subordinados tinham aceito ou admitido.

Conteve, momentaneamente, o avanço do adversário, mas enfraqueceu vários flancos, deixando-os mais vulneráveis para as batalhas subsequentes.

A primeira é a batalha da imagem e da comunicação, em que estava à frente. Tinha conseguido até agora, caracterizar a vacina CORONAVAC - a marca da vacina desenvolvida pela SINOVAC, uma empresa chinesa - como a "vacina chinesa", com conotação pejorativa, repetindo e disseminando a narrativa de Donald Trump.

Toda a mídia, com poucas exceções, estava se referindo à vacina da SINOVAC, como a "vacina chinesa". Bolsonaro tem demostrando uma grande capacidade de pautar a mídia. 

A explosiva e emotiva reação de Bolsonaro fez a mídia perceber a cooptação e vem passando a se referir à vacina, pela marca (CORONAVAC) ou pelo fabricante dessa (SINOVAC). Cada vez mais será caracterizada como a "a vacina do Butantã", a fabricante brasileira da vacina, a partir da tecnologia e insumos fornecidos pela SINOVAC. 

No campo político reuniu a maioria dos Governadores, assim como o Presidente da Câmara e outros parlamentares contra a decisão de não comprar a vacina do Butantã. Em contrapartida conseguiu formar uma base aliada no Senado.

O problema maior é com o Exército, ao obrigar o General Pazzuelo a desfazer os compromissos assumidos com o Instituto Butantã e com os Governadores. 

Como militar disciplinado o General não teria assumido os compromissos, sem antes consultar o Presidente, ao qual deve ter dito que era a compra de uma vacina brasileira, a primeira que deverá estar chegando ao mercado. E teve "sinal verde".

"Manda quem pode, obedece quem tem juízo". É a máxima do modelo da chefia autoritária, em desuso, na maioria das grandes empresas. Bolsonaro manda e o General, institucionalmente subordinado, obedece. Mas ter que assumir inteira responsabilidade por um ato que não foi só seu, é uma humilhação que afeta a dignidade da corporação, dividida em relação ao ocorrido. A hierarquia e a disciplina não justificam o nível de sumissão.

A isso se soma um novo confronto dentro do Governo entre a ala ideológica e a ala militar. Os filhos resolveram radicalizar e atacar a ala militar. Poderão até vencer a batalha com a saida do General Ramos, mas enfraquecerá o apoio das Forças Armadas ao Governo. 

Com a proximidade das eleições presidenciais norte-americanas, a ala ideológica deve estar contando, com a reeleição de Trump, que repetiria a façanha de 2016.

A ala ideológica não tem força militar, não tem força judiciária, não tem força política, apenas o apoio popular dos sectários do bolsonarismo. Piorará as condições de governabilidade de Bolsonaro, que ficará mais dependente do Centrão. A sua cartada está na reeleição de Davi Alcolumbre para a Presidência do Senado e na eleição de Arthur Lira, do Centrão, para a Presidência da Câmara dos Deputados. 

Alcolumbre articulou bem a aprovação de Kássio Marques  para o STF, com o que espera reverter uma posição desfavorável à aprovação da interpretação da cláusula constitucional que permitiria a reeleição. 


Ainda não está assegurada.

terça-feira, 20 de outubro de 2020

Chico Rodrigues, lídimo representante da velha política

Chico Rodrigues emergiu das trevas do Baixo Clero e foi tornado uma celebridade internacional, pelo dinheiro que escondia junto à bunda. 

Veio  à luz para fazer companhia ao seu companheiro de Baixo Clero da Câmara dos Deputados, ao longo de mais de 20 anos. Tem outro  companheiro emergido do Baixo Clero na Presidência do Senado.

Chico Rodrigues é uma típica figura da "Velha Política", com grande presença e eleitorado estadual, mas pouco efetivo na política nacional.

Engenheiro agrônomo formado em Pernambuco migrou para Roraima, na mesma leva dos técnicos pernambucanos para ajudar na administração do novo estado, até então um território federal, entre eles Romero Jucá. Logo ocupou a Secretaria da Agricultura.

Passou por vereança em Boa Vista, foi eleito deputado federal, pela primeira vez, em 1990, sempre associado aos "donos do poder" em Roraima. Voltou à Secretaria da Agricultura no primeiro mandato de Neudo Campos, o qual foi reeleito e depois renunciou para não ser cassado. Foi reeleito sucessivamente, a deputado federal, até 2010, quando disputou a Vice-Governança na chapa de José de Anchieta, então oposição a Neudo Campos, sendo eleitos.

A correlação de forças mudou, José de Anchieta foi cassado, com Chico Rodrigues, assumindo o Governo. Disputou a reeleição, mas foi derrotado por Sueli Campos, esposa de Neudo Campos, que assumiu o lugar do marido, então impedido, sendo eleita Governadora.

No final do mandato Chico Rodrigues também o perdeu por decisão do TRE,  por irregularidades eleitorais da chapa liderada por José de Anchieta. 

Após um intervalo de 4 anos, quando transitou pelo PSDB, candidatou-se ao Senado pelo DEM, dentro da onda bolsonarista, recebendo o apoio expresso de Jair Bolsonaro, quando declarou um "quase casamento consensual".

Eleito em primeiro lugar, acompanhado por Mecias de Jesus, frustrando a reeleição de Romero Jucá, que ficou em terceiro com uma pequena diferença de votos. Com o apoio do Presidente Jair Bolsonaro assumiu diversos "lotes" da Administração Federal no Estado ou na Região, até então dominado por Romero Jucá, indicando os seus apaniguados.

Operava mais como despachante dos interesses estaduais, através das emendas parlamentares, com o que garantia as suas sucessivas reeleições.

Flagrado com dinheiro na cueca, não importam as explicações, tornou-se um "contaminado" que ninguém o quer por perto.

Bolsonaro já o deixou na estrada, como já vez com outros velhos amigos, o DEM quer expulsá-lo. A preocupação é que com a sua resistência mais coisas venham a tona, inclusive corrupção dentro Governo, o que é negado peremptoriamente.

Apenas o seu companheiro Davi Alcolumbre ainda tentava salvá-lo, nos bastidores. Não adiantou.

Pediu licença por 121 dias, mas não terá condições de retornar. Tornou-se uma figura incômoda que ninguém quer acolher.

Será sacrificado no altar da Nova Política, como típico representante da velha política.

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Dinheiro nas nádegas

  Chico Rodrigues, velho companheiro de Jair Bolsonaro, no  baixo clero da Câmara dos Deputados, ao longo de 20 anos, foi objeto de uma ação de busca e apreensão realizada pela Polícia Federal.

Fundada numa suspeita de desvio de recursos públicos destinados à saúde, o Senador, recebeu, em sua casa em Boa Vista, capital de Roraima, uma visita inesperada e indesejada da Policia Federal. Para evitar a apreensão de uma quantia em dinheiro vivo, escondeu na cueca, mas foi descoberta e deu origem a mais um episódio pitoresco da política brasileira, que viralizou na mídia, tanto tradicional como na virtual. 

Embora Bolsonaro tente se afastar do escândalo, afirmando que não foi dentro do seu Governo, da Administração Federal, mas de um membro do Congresso, para efeito do imaginário popular não há diferenças. 

A corrupção continua funcionando na gestão pública e com recursos oriundos do Governo Federal. Dai a participação da Polícia Federal: suspeita de crime federal. 

O principal impacto será na imagem de Bolsonaro junto ao seu público.

Teve grande apoio popular e formou um amplo grupo de seguidores pela promessa de um Brasil sem corrupção, com apoio às operações Lava-Jato e avançar institucionalmente no combate à corrupção. 

Convocou e foi atendido por Sérgio Moro que abandonou a carreira jurídica para assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública na expectativa de institucionalizar as medidas anti-crime. A sua proposta foi desfigurada e deu ensejo à soltura de André do Rap. Moro acabou deixando o Governo, retirando o aval da continuidade da Lava-Jato, denominação adotada popularmente como o combate à corrupção.

Diante das críticas dos seus seguidores de que estaria acabando com a Lava-Jato, assumiu que sim, justificando que tinha acabado com a corrupção no seu Governo. Um sofisma para dizer que a corrupção ainda existente era nos nos governos estaduais, municipais ou no Congresso, onde ele não seria responsável.

Bolsonaro alega que a eventual prática corruptiva do seu velho companheiro, Chico Rodrigues, não foi dentro do seu Governo. 

O problema é convencer os seus seguidores ou adoradores de que não tem nada a ver com isso. 

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

De desconhecido a notório

 Kássio Nunes Marques sempre fez articulações políticas para ingressar e avançar na carreira jurídica.

Entrou para a magistratura dentro de um lista triplice da Ordem dos Advogados do Brasil para a vaga reservada aos advogados nos tribunais eleitorais e no Tribunal Federal de Recursos.

Para ser incluido na lista tríplice precisa fazer articulações políticas junto à corporação e outras ainda no meio político para ser escolhido. Não basta a idoneidade e o saber jurídico. Não é só por isso que os colegas o escolhem. Precisa de um bom relacionamento e muita conversa: muitos almoços e jantares.

Estar na lista triplice é com os colegas. Ser indicado para o Tribunal é com os políticos. 

Duas das indicações foram feitas durante os governos petistas, com o apoio dos politicos piauienses.  

Com a indicação para o Tribunal Regional Federal da 1ª Região, transfere-se para Brasília, onde estabelece a sua rede de relacionamento político, com vistas a um cargo do Superior Tribunal de Justiça, o degrau acima e, para muitos, o topo da carreira jurídica.  Esse tem uma composição predominante de desembargadores oriundos do TRF 1 do que dos TRF2, com sede em São Paulo. A explicação plausível é que os desembargadores do TRF1, em Brasília, estão mais próximos dos políticos.

Dentro desses relacionamentos,  Kassio Maques teria tomadas muitas tubainas com o seu amigo, deputado federal Jair Bolsonaro. O quanto depois da eleição e posse desse para a Presidência é pouco conhecido. Sendo um desconhecidos, apenas um na multidão, a mídia não se preocupou com a sua eventual presença no Alvorada, provavelmente dentro de um grupo de amigos do Jair, adeptos das tubainas.

Em campanha para um lugar do STJ nunca esteve na lista da mídia, como candidato ao STF, mas sempre foi uma "carta na manga" do Presidente.

Com a resistência aos amigos mais notórios, Jair montou um palco para trazer o novo ator e apresentá-lo ao distinto público. 

Uma parte aplaudiu, outra vaiou. Não era um "terrivelmente evangélico"; trazia um sinal da estrela vermelha e, supostamente, outros defeitos para os bolsonaristas radicais.

A sua emergência é recente, mas o processo da sua indicação é antigo. Com 28 anos na Câmara Federal, embora sempre no baixo clero, Jair Bolsonaro formou uma ampla rede de relacionamentos pessoais. 

Para o público externo o nome é uma surpresa e a mídia busca as origens segundo paradigmas comuns, que nem sempre se aplicam ao surpreendente Jair Bolsonaro. Para ele é apenas um das suas "cartas na manga".

A indicação de Kássio Nunes não é do centrão, que tem como principal líder real, o Senador Cyro Nogueira, do Piaui. Bolsonaro usou para agradar o centrão e conseguir o seu apoio no Senado, onde a sua bancada própria é fraca. 

É uma indicação pessoal, um "amigo de tubaina". 

A mídia mal informada nos leva ou induz a erros. Dessa vez não vimos o que não foi mostrado.

Kássio Nunes não foi indicado para ser "boi pra piranha", como comentamos anteriormente. É a primeira preferência pessoal da Jair Bolsonaro que já esta se empenhando pessoalmente pela sua aceitação e aprovação pelo Senado.

terça-feira, 6 de outubro de 2020

Uma velha disputa com novos protagonistas

  O conflito entre Rogério Marinho e Paulo Guedes é um remake de uma tradicional disputa entre "Fiscalista x desenvolvimentista". Já ocorreu antes na disputa Pedro Malan x Clovis Carvalho, Joaquim Levi x Nelson Barbosa e outros que não me lembro agora. 

Quem assume o Ministério da Fazenda, agora da Economia, acaba sendo fiscalista, mesmo que não tenha antecedentes,  ou não tenha aceito o cargo como tal.  A responsabilidade por pagar as contas e a pressão dos investidores o obriga a assumir tal posição.  Por outro lado enfrenta a pressão de todos os demais Ministros que querem gastar mais. O seu poder de resistência aos colegas depende do apoio do Presidente.

Bolsonaro pende a favor de Marinho, com quem tem melhor interlocução: falam a mesma língua, tomam tubaina juntos.

Já com Guedes não tem muito papo. Bolsonaro não entende 90% do que Guedes diz e convidá-lo para tomar tubaina é uma ofensa. No mínimo um whisky com 15 anos, ou um vinho da casa de 4 dígitos. 

Mas Bolsonaro não pode dispensar Guedes, porque não consegue avaliar o tamanho da reação do mercado. Pode ser amplo e desastroso para ele, como ser absorvido como foi a demissão de Moro.

Na dúvida, mantém os dois. 

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Precisa se viabilizar

 

Jair Bolsonaro ao lançar a indicação de Kássio Nunes ao STF para ocupar a vaga do decano Celso de Mello dá partida visível a uma manobra politica que pode dar certo ou errado.

O seu objetivo não é a designação de Kássio Nunes, mas abrir o espaço para a indicação efetiva de um dos seus preferidos, todos amigos pessoais. 

É a conhecida operação "boi para piranha". 

Bolsonaro deixa o combate "frente à frente" e segue pelos flancos, dando ao indicado a responsabilidade de "se viabilizar". Se a oposição for muito forte, com risco da não aprovação do nome pelo Senado, Bolsonaro "aborta a operação", volta ao começo, argumentando que o indicado não conseguiu se viabilizar e pode lhe dar um prêmio de consolação, na realidade, o que Kassio quer: uma vaga no STJ. 

Com uma primeira vítima, Bolsonaro acha que terá menos resistência para uma indicação de sua preferência pessoal. 


Lula, meio livre

Lula está jurídica e politicamente livre, mas não como ele e o PT desejam. Ele não está condenado, mas tampouco inocentado. Ele não está jul...