JH
A substituição promovida por Jair Bolsonaro na Secretaria de Governo, tem um sentido muito além do que mostra a mídia, focado num confronto entre o ex-General Santos Cruz e Olavo de Carvalho, juntamente com os filhos de Jair.
O Presidente Bolsonaro trocou um colega de Exército por outro, mas com algumas diferenças significativas dentro do contexto da ala militar. Santos Cruz era um dos poucos ex-colegas de Jair Bolsonaro que não era "coturno marrom" ou "boina lilás" que caracterizam os paraquedistas.
Santos Cruz, como os demais generais, ex-colegas de Bolsonaro, instalados na cúpula do Governo, é da reserva. O seu substituto General Ramos Batista Pereira ainda está na ativa, no chefia do Comando Militar do Sudeste, com base em São Paulo.
Assumirá fardado, caracterizando a efetiva militarização do Governo.
Ramos Batista Pereira foi comandante de brigada de infantaria paraquedista. Como tal, colega de Jair Bolsonaro, no uso da boina lilás.
Tem pensamento filiado ao do ex-General Vilas Boas, isto é, defensor da legalidade e contra o intervencionismo militar.
Ao contrário do que inicialmente parece não foi uma vitória do grupo olavista contra a ala militar do Governo. O Presidente substituiu um supostamente "mais fraco" pelo irmão mais forte. Xingar um militar da reserva, pode ser pessoal. Xingar um militar fardado equivale a ofender toda corporação. A ala militar do Governo ficou mais forte.
O grupo olavista tentou conter as tentativas de tutela do Presidente Bolsonaro pela ala militar. Agora, com um militar da ativa, na Secretaria de Governo, o que teria sido uma reivindicação da corporação militar para a saida do General da Reserva Santos Cruz, o cenário "Rainha da Inglaterra" torna-se o mais provável.
Jair Bolsonaro permanece na Presidência da República, sem riscos de turbulência política, mas com o parlamento assumindo plenamente o comando político do país e exercendo o seu papel de legislador: independente dos desígnios do Executivo e contendo as tentativas do Presidente em legislar ou alterar o legislado por decreto. Irá conter o suposto poder da caneta de Bolsonaro.
O Governo deverá cuidar mais do que lhe é próprio: ser executivo. Deverá cuidar da prestação dos serviços públicos que lhe cabe.
A ala militar tem o dever de fazer com que a máquina governamental funcione.
JH
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