A população evangélica vem crescendo sucessivamente, ganhando posições relativas, ainda que os católicos ainda sejam a maioria.
Pelo engajamento político das suas lideranças tem um poder eleitoral não desprezível, tendo contribuído significativamente para a eleição de Jair Bolsonaro, em 2018.
Embalado na aceitação da comunidade, Bolsonaro politizou a tradicional Marcha por Jesus, organizada por uma das denominações evangélicas - de médio porte - mas que reúne milhares de pessoas nas ruas de São Paulo, no dia de Corpus Christi, aproveitando o feriado religioso e ofuscando as manifestações católicas.
O fez de forma audaciosa, pois foi a uma manifestação de "paz e amor" para pedir a mobilização dos fiéis a favor do decreto das armas. Para os oponentes uma mensagem de "guerra e ódio".
Embora tenha sido aplaudido e não vaiado, apesar da contradição - o que mostra a manutenção do seu prestígio pessoal junto à comunidade - é duvidosa a mobilização dela para pressionar os deputados federais para derrubar a decisão do Senado Federal que votou pela anulação do referido decreto.
Assumiu um grave risco político, ao fazer uma opção de compor com o Pastor Marco Feliciano, líder de uma pequena e pouco conhecida igreja (denominação) evangélica, a Catedral do Avivamento e abandonar, mais uma vez, o Pastor Silas Malafaia, o líder da igreja de maior número de seguidores, a Assembléia de Deus Vitória em Cristo.
Embora a Catedral do Avivamento esteja ligada à Assembléia de Deus, Marcos Feliciano é um dissidente.
Os dois não se entendem e ainda durante a transição, segundo a Revista Epoca (03.12.18) em conversa com o deputado federal reeleito Sóstenes Cavalcante, o seu porta-voz no Congresso, ao saber da pretensão de Marcos Feliciano em assumir o Ministério da Cidadania, teria demonstrado em público, a sua insatisfação: "Se isso acontecer, vou baixar o pau na rede social. Vou partir para a ignorância. Guerra é guerra".
Feliciano, associado ao grupo de Olavo de Carvalho foi o instrumento do grupo para pedir um inviável "impeachment do Vice-Presidente, General Mourão", recusado, preliminarmente, pelo Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Embora não sendo "para valer" foi um lance político, junto com outras ações táticas, que surtiu efeito.
Reaproximou os colegas do baixo clero da Câmara dos Deputados, levando a aspirar uma chama Bolsonaro-Marcos Feliciano para 2022.
Os líderes formais da Assembléia de Deus, na Câmara dos Deputados, o apóstolo Sóstenes Cavalcante e Silas Câmara o Presidente da Frente Parlamentar Evangélica - o braço formal da bancada da biblia - não foram à Marcha, organizada pelo Bispo Estevam Hernandes, líder da Igreja Apostólica Renascer em Cristo, que não tem nenhum representante identificado na Câmara dos Deputados.
A mídia não registrou a presença do deputado Marcos Pereira, presidente do PRB e principal representante da Igreja Universal do Reino de Deus, liderado pelo pastor Edir Macedo. Marcos Pereira, favorável à Reforma de Previdência tem sido crítico à falta de apoio do Presidente da República à reforma.
O balanço entre presenças e ausências na Marcha para Jesus, 2019, tornado evento político, indica que Bolsonaro falou para uma multidão reunida, mas que não representaria as denominações majoritária da bancada evangélica. O efeito de uma mobilização popular para pressionar os deputados federais para manter a validade do decreto de flexibilização das armas será reduzido.
Bolsonaro, pelo seu estilo de confronto, dividindo, mais do que somando, não teria nem a totalidade da bancada evangélica a seu favor, por um item da sua agenda pessoal e não daquela bancada.
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