segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Petrobras - retomada militar

 A Petrobrás, desde sua criação, sempre foi vista pelo Exército, com o apoio das demais armas, como estratégica do ponto de vista da segurança e da soberania nacional.

O Brasil precisava ter o controle da disponibilidade de combustíveis para abastecer os seus tanques, aviões e outros equipamentos bélicos. Não poderia ficar na dependência de terceiros países. Esses poderiam, um dia, se tornar inimigos ou associados dos inimigos. 

Na América do Sul, os países vizinhos sempre foram dominados por ditaduras de direita. A Venezuela, com Hugo Chavez quebrou essa hegemonia conservadora e outros países a seguiram. O Brasil, desde a primeira eleição de Fernando Henrique caminhou na direção do centro esquerda, com o PT avançando no rumo extremo, mas com visões distintas sobre a Petrobras.

FHC reduziu a importância estratégica de soberania da Petrobras, iniciando o processo de internacionalização da empresa e fundamental instrumento para a captação de recursos externos para investimentos no Brasil.

A Argentina, vista sempre como um inimigo bélico potencial, teve uma inflexão com Macri, mas que pouco durou, com o retorno do peronismo. O Brasil, com a eleição de Bolsonaro, assumiu uma declarada posição de direita,  liberal na economia e conservador nos costumes.

Com o restabelecimento da democracia, após 22 anos de regime militar, o comando da Petrobras passou para os civis, funcionando como um braço operacional das políticas governamentais. 

Dado o relevante peso dos combustíveis no custo de vida, sempre foi usado, circunstancialmente, para conter a inflação.

Com o governo petista e Dilma Rousseff, como a suposta competente técnica nas questões de energia, sob apoio do Presidente Lula, assumiu o controle da Petrobrás e com os sucessivos "mal feitos" quase a quebrou.

Paulo Guedes retomou a visão da Petrobras, como instrumento de captação de recursos internacionais, dentro de uma visão liberal. Para isso, ainda na fase de formação do governo, puxou para si, o comando da Petrobras, indicando seu colega da linha liberal,  Roberto Castelo Branco, antes que a área militar ou política apresentassem o seu candidato.

Castelo Branco buscou a implantação de uma gestão voltada para resultados econômicos, privilegiando o interesse dos investidores. 

domingo, 14 de fevereiro de 2021

Afinal entrou em campo

  Jair Bolsonaro, em campanha aberta pela sua reeleição em 2022, desde a posse, estava no campo ou na pista, sozinho sem adversários declarados. Todos os eventuais concorrentes são suposições dele, Bolsonaro e da mídia. A percepção de Bolsonaro é prática, ele desenvolve ações para a desconstrução do suposto concorrente futuro. João Dória seria o único concorrente.

Todos os demais são suposições de analistas, alguns políticos e difundido pela mídia que tem interesse em transformar a suposição em notícia.

Agora Lula resolveu se manifestar, tentando assumir a liderança de uma oposição do campo da esquerda. Manteve-se fora do campo, esperando por decisões judiciais que o livrassem de vez dos processos, alegando suspeição do ex-juiz Sérgio Moro.

Cansou de esperar e anunciou o ingresso na campanha, colocando o "bloco na rua", com ele como candidato e se inviabilizado juridicamente, Fernando Haddad no seu lugar.

Guilherme Boulos a liderança emergente da esquerda reagiu negativamente, afirmando que essa deve apresentar projeto e não nomes.

Ele está certo, do ponto de vista da teoria política, assumida pela elite, mas Lula, mais pragmático sabe que o povo vota, majoritariamente,  em nomes e não em propostas. 

O nome traz em si uma proposta que é absorvida ou não pelo eleitor.

O nome Lula é associada à sua proposta básica, nem sempre compreendida e aceita pela teoria, mas bem absorvida pelo povo: melhorar a sua capacidade de consumo.

O bolsa-família não foi desenvolvido apenas como projeto social, mas como um projeto consumista (Não confundir com comunista) e deu suporte à eleição e reeleição de Lula e ainda as eleição e reeleição de Dilma. 

O projeto Lula foi contaminado pelo vírus da corrupção e gerou uma forte reação do eleitorado que elegeu Jair Bolsonaro, em 2018.

Já o PT e Fernando Haddad são mais afeitos à teoria politica e tem como bandeira principal o combate à desigualdade social.

Haddad, o "Andrade" não tem perfil pessoal para assumir o projeto Lula. O único que tem tal condição é o próprio Lula.

Na prática, sem Lula, o PT não tem nada.

O campo da esquerda terá nova liderança. Por enquanto, Ciro Gomes e Guilherme Boulos, com alguma densidade eleitoral. Flávio Dino, perdeu as eleições municipais de 2020, no Maranhão, não sendo um candidato viável. É uma ilusão assumida pela elite esquerdista paulista seduzida pelo seu discurso. 

Lula, mesmo com uma declaração extemporânea, obriga a esquerda entrar em campo ou na pista, para se organizar para a disputa em 2022. Sob intensa artilharia dos sectários bolsonaristas.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

E depois?

 As eleições para a presidência da Câmara Federal são pelo voto secreto. A menos do deputado que resolva mostrar o seu voto, antes de colocar na urna, para mostrar ao Governo, à liderança partidária e aos seus eleitores o seu voto.

As cabines com as urnas eram tão apertadas que não permitiram as fotos. 

O seu voto passa a ser difundido pela narrativa do autor. Acredite quem quiser. Traidor nunca se acusa.

Já as votações dos projetos de lei, medidas provisórias, propostas de emendas constitucionais e outras medidas como a conclusões de CPIs, andamento de pedidos de impeachment são abertas. 

Nesse caso, as cobranças do Governo e da liderança partidária, de um lado e dos seus eleitores, de outro, podem não ser coincidentes, colocando o deputado federal num dilema. 

O seu objetivo primordial é sempre a sua reeleição em 2022. Tudo o mais, para ele, é secundário.

Para alimentar a sua campanha pela reeleição, precisa das emendas parlamentares. Se votar contra as medidas de interesse do Presidente, pode ter trancada ou retardada a liberação e o pagamento das suas emendas. Sem o dinheiro das emendas não consegue o atendimento ao seu eleitorado, descumpre promessas e corre o risco de não ser reeleito. 

Por outro lado, eventual enfraquecimento da popularidade do Presidente, o que as pesquisas vem indicando, com perda de apoio pela continuidade da posição negativista em relação à pandemia, colocando em risco da sua reeleição, pode se tornar um fardo para o deputado federal, diante do seu eleitorado. 

Se o seu eleitorado for predominantemente de sectários bolsonaristas, o apoio ao Presidente será um ativo.

Ao contrário, se a maioria do seu eleitorado tiver posição desfavorável, ele preferirá ficar com esse do que com o Presidente. 

As pesquisas nacionais, como as do IBOPE e DATAFOLHA são indicativos importantes, mas insuficientes para cada deputado federal.

Como temos reiterado aqui, o deputado federal não é eleito nacionalmente, como o Presidente da Republica, mas estadualmente. Na maioria dos casos, local, distrital ou regionalmente.

Precisará fazer pesquisas específicas.

As pesquisas realizadas para as eleições municipais nas principais capitais, já mostravam uma rejeição à gestão de Bolsonaro maior do que o nacional.

O aumento de rejeição na cidade de São Paulo pode levar a movimentos de rua de grande porte. A mobilidade urbana será prejudicada.  Difundidos, amplamente pela mídia tradicional, pode influir nas percepções dos demais eleitores brasileiros.

Não há nenhuma garantia de que o Congresso vá aprovar a pauta econômica liberal de Guedes, que os empresários ainda esperam para a retomada plena da economia

O Presidente da Câmara dos Deputados tem o poder monocrático de trancar pedidos de impeachment, assim como determinar a pauta dos projetos, mas não tem o mesmo poder para aprovar ou reprová-los. Dependem de decisão colegiada e ele precisa desenvolver uma ampla articulação, com a participação da Presidência, para formar maiorias.

As eleições de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco farão o cenário politico de 2021 menos turbulento, com eventual andamento de processo de impeachment, o que prejudicaria ainda mais a recuperação da economia. 

A abertura de um processo de impeachment significaria mais um ano inteiramente perdido na economia.

Porém o trancamento dos pedidos não eliminaria a sangria do Presidente. 

Os opositores seguiriam indignados e fazendo muito  barulho pela mídia, promovendo alguns movimentos de rua, além dos sucessivos panelaços, mas a maioria da população, tomando a vacina, nas suas duas doses, irão preferir voltar o quanto antes à normalidade, não se envolvendo na turbulência política.

Serão condescendentes com os impropérios do Jair, com o seu agoverno, adotando a racionalização de que ele foi legal e legitimamente eleito e que deve completar o mandato.

Grande parte do empresariado mantém a esperança da aprovação, das reformas estruturais.

Arthur Lira não conduzirá o processo por convicção ou entendimento pessoal das propostas, mas inteiramente pela necessidade política e eleitoral. 

Será melhor bem sucedido do que Rodrigo Maia? 

As atividades econômicas serão retomadas em tempo menor?

terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Até onde a vista alcança

 Nesta terça-feira, dia 2, a série “Biblioteca – Informação viva, conhecimento aplicado” do IE, traz de forma online a palestra sobre o livro: ATÉ ONDE A VISTA ALCANÇA – INTELIGÊNCIA ESTRATÉGICA. Para participar, basta se inscrever no https://bit.ly/2KVD3iW

. Esperamos por você. #bibliotecaie

https://www.facebook.com/321771947903614/posts/3751092014971573/?substory_index=0

O Brasil, um pais territorialmente imenso, de mais de 8,5 milhões de km2, população de cerca de 210 milhões de pessoas, com grande diversidade de renda e condições de vida e quase 148 milhões de eleitores registrados como aptos a votar nas últimas eleições (2020), não se consolidou - como nos EUA - a formação de poucos partidos políticos para unificar a visão de mundo comum dos diversos segmentos da sociedade. 

A visão de mundo é como as pessoas enxergam o ambiente em que vivem, partindo das condições concretas que o cercam, gerando vivências e experiências pessoais, ao que as demais pessoas que elas ouvem dizem, ao que está no noticiário, aos discursos dos políticos e demais líderes - empresariais, comunitários, corporativos e outros - dizem e às informações transmitidas pela educação formal.

Os partidos políticos deveriam ser a instituição da sociedade que reune, organiza e consolida as visões de mundo, existentes dentro da sociedade, o que não ocorre no Brasil, com raras exceções.

Dai resulta uma ampla fragmentação das visões de mundo, determinando ou influenciando o comportamento eleitoral das pessoas.

Lula, meio livre

Lula está jurídica e politicamente livre, mas não como ele e o PT desejam. Ele não está condenado, mas tampouco inocentado. Ele não está jul...