A sociedade brasileira está propensa a dar maior atenção às fofocas e fatos eventuais inusitados do que a questões estruturais de impacto nacional mais amplo. E isso a levou a eleger um Presidente que dá mais atenção a essas questões, do que aos grandes problemas nacionais.
A viagem de Bolsonaro à Osaka, no Japão, acabando por aceitar as imposições dos líderes europeus, para manter o respeito às questões ambientais, aos indígenas e ao trabalho decente, para completar as negociações para o Acordo Comercial UE-Mercosul, tem amplas implicações futuras no seu Governo e para o Brasil.
Mas foi e ainda é ofuscado pelo episódio da prisão de um militar com 39kg de cocaina dentro do avião presidencial reserva. Não deixa de ser uma questão policial, sem maior relevância nacional, muito menos internacional. Mas é destaque na mídia brasileira.
Mais que o noticiário sobre o acordo. Porque aquele vende. O acordo teria menos interesse de conhecimento público. Não é tema para "conversa de botequim".
O amanhã do Brasil está no seu agronegócio voltado para o mundo. Não mais numa indústria voltada para o mercado interno, protegido pelo Estado.
Depois de um período de implantação e forte crescimento, seguido da estagnação e agora declínio, a indústria instalada no Brasil está diante de uma tradicional encruzilhada: "ou vai ou racha". E se rachar, se acaba.
O grande sonho de Roberto Simonsen, de tornar o Brasil uma potência industrial mundial, acalentado por muitos brasileiros, incluindo este que vos fala, poderá sucumbir, por incompetência.
Mas, mais uma oportunidade histórica, se coloca diante do Brasil.
Que pode ser perdida se o fechamento do acordo EU-Mercosul, ficar num triunfalismo midiático e não foi efetivamente assumido pelo Governo, para conseguir a rápida aprovação pelo Congresso e por toda a sociedade brasileira.
O "país do futuro" será novamente adiado se continuar ficando preso a ontem.
(cont)
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