A fragmentação dentro da Câmara

A importância dos partidos será cada vez menor dentro da Câmara dos Deputados. Remanescerá ainda no Senado, mas a fragmentação entre os deputados limitará a importância dos partidos nas Comissões. Em plenário prevalecerá o "olho no olho" e as lideranças reais serão daqueles que tem maior capacidade de relacionamento pessoal e memória visual, chamando cada deputado pelo seu nome.
Os candidatos a cargos na mesa, precisam ir além. Precisam conhecer os antecedentes e o ambiente do seu reduto eleitoral.
Os 1,8 milhões de votos populares obtidos por Eduardo Bolsonaro em São Paulo não significam - automaticamente - um grande percentual de votos entre os 513 deputados federais.
De São Paulo, são eleitos 70 deputados entre os 513. Não chegam a 20% do total. Ainda que tenha o apoio "fechado" de 52 eleitos pelo PSL, são cerca de 10%. 
Apesar de elevada taxa de renovação na Câmara dos Deputados, cerca de metade retornam à casa. E Rodrigo Maia, conhece pessoalmente cada um deles, reconhece quando se encontram e chama pelo nome. Esse relacionamento cria apoios e também desafetos. 
Os novatos candidatos a Presidência da Câmara terão pouco tempo para o conhecimento pessoal de todos os 513 deputados. Levam desvantagem em relação aos veteranos. 
No andamento dos projetos prevalecerão as visões pessoais e a formação das associações será pontual, caso a caso. As frentes parlamentares, que são uma forma de institucionalização das associações de interesses, não tem poderes disciplinares. Diferentemente de partidos que podem "fechar questão" e punir as eventuais infidelidades. 
A dinâmica da Câmara dos Deputados, no início de 2019, poderá ser bem diferente, mas a tendência é de uma acomodação, ao longo do próprio ano com o retorno à "normalidade", nos dois anos seguintes. 

(cont)


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