Nesta semana Jair Bolsonaro seguiu a passos firmes em direção ao cenário "Jânio ou Dilma?".
Parte da inaceitação do Congresso como ele efetivamente é recusando-se negociar nos seus termos.
Entende, como seus antecessores, que em função dos milhões de votos obtidos, é um vencedor e todos os demais vencidos. Esses devem se submeter aos desígnios do vencedor, como lídimo representante dos desejos do povo.
Mas os deputados também foram eleitos, consideram-se vencedores e querem participar do Governo. Não aceitam que o Presidente, por ter sido eleito com 57,8 milhões de votos, organize o Governo ao seu bel prazer, sem a participação de deputados e partidos que se consideram - igualmente - vencedores. Apesar do regime ser formalmente presidencialista, prevalece uma cultura parlamentarista.
Como a sociedade organizada (opinião publicada) só elegeu uma pequena parte do Congresso e não gosta dos demais eleitos, visto como um "antro de propineiros", que estão inteiramente voltados para os seus interesses pessoais, apoia o Presidente no confronto com o Congresso, mais especificamente com a Câmara dos Deputados.
Com base nessa percepção Jair Bolsonaro se recusa a negociar com as lideranças partidárias do Congresso, contando que o apoio popular pressionará e conseguirá que os deputados votem as propostas do Governo, para o bem do Brasil.
Para a mobilização popular conta com a rede social, onde ativistas bolsonarista, buscam ser influenciadores digitais, o que tem conseguido, no âmbito das redes sociais, com impactos imensuráveis fora dessa.
Mas ao não conseguir controlar as suas reações primárias e elementares, xingando os poucos manifestantes que sairam às ruas pela manhã de quarta-feira de "idiotas úteis", provocou uma reação da sociedade organizada, inclusive de seus adeptos, que foram engrossar as manifestações à tarde.
Os seus adeptos mais fieis e radicais querem dar o troco e estão mobilizando a população para irem às ruas, ou melhor às mesmas avenidas das manifestações de 15, a favor do Governo Bolsonaro e contra do Congresso, o STF e outros "inimigos explícitos". É uma reação arriscada. Se conseguir uma massa de gente superior a 15 de maio, demonstrará força. Se for inferior "passará recibo" de um apoio popular menor. E o Congresso sentir-se-á mais forte. Os indícios - até agora - são de uma mobilização fraca, sem o apoio dos movimentos que mobilizaram as pessoas para o Fora Dilma.
O Congresso pode aprovar uma reformja da previdência, com a economia desejada por Paulo Guedes, mas no pior modelo para o mercado. O grande temor do mercado sempre foi de um aumento tributário em cima dele (isto é, dos investidores), para cobrir os gastos previdenciários. Essa é a base da proposta alternativa de um grupo de deputados. Se for apresentada, o Governo não terá condições de barrar, a menos de grandes concessões à "velha política". O mercado ficará na dependência do seu principal representante: o Presidente da Câmara dos Deputados.
(cont)
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