A reação popular

A tramitação da reforma da Previdência dependerá de como a população, seja no todo, como os segmentos específicos irá interpretar as propostas, em função do que acham que irá influenciar nas suas vidas.
Essa interpretação não será necessariamente racional e informada. Ao contrário será emocional e com base nas versões que se dispõe a aceitar. 
Dai a grande importância da "batalha das comunicações".
No Governo Temer, com uma proposta sem a devida profundidade e consistência, o Governo deixou que a oposição dos servidores públicos conseguissem vender as suas versões para evitar a reforma:

  • não há déficit previdenciário: se o INSS cobrar os inadimplentes, desvincular a DRU e outras medidas que reduziriam a receita do INSS, não haveria necessidade da reforma;
  • os trabalhadores terão que trabalhar por toda a vida e alguns morreriam sem ter conseguida a aposentadoria;
  • a reforma iria reduzir as aposentadorias dos mais pobres; etc
Com a prevalência dessas versões junto aos eleitores, em ano eleitoral, a grande parte dos deputados federais não se posicionou a favor da reforma. 
Com a perspectiva de não conseguir os votos suficientes para a aprovação da PEC da Reforma da Previdência, o governo recuou e "inventou" uma intervenção federal, para evitar a continuidade da tramitação, com o risco da sua rejeição.
Entre os que se posicionaram a favor da reforma, nas Comissões, a maior parte não foi reeleita, enquanto os contrários foram reeleitos na sua maioria. Seria uma indicação de que os eleitores não apoiaram a reforma proposta, influenciada pela bem sucedida campanha com as versões dos supostos malefícios da reforma e da desnecessidade para cobrir, também suposto inexistente déficit da Previdência.

A estratégia de comunicação do Governo Bolsonaro, primeiramente, substitui a ênfase no déficit, pelos supostos ganhos com a reforma, sempre tendo como padrão o trilhão de reais.

O foco principal da proposta, é reduzir a desigualdade entre os sistemas geral e dos servidores públicos, combatendo as distorções. Do ponto de vista das comunicações a reforma visa combater os privilégios. 

Caso essa versão seja aceita, cairiam os argumentos gerais contra a reforma da previdência, nos seus princípios gerais, centrando os debates sobre as questões específicas. 

(cont)





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