A superação da velha política (2)

A superação da velha política requer uma reversão do processo de organização partidária, com o retorno da concentração, com a redução do número de partidos. O sistema proporcional que, em tese, deveria fortalecer os partidos, acabou trazendo resultados opostos aos desejados, com a associação do sistema com os mecanismos de distribuição dos fundos públicos. 
As lideranças dos principais partidos, com o apoio dos analistas e jornalistas se prenderam demais sobre o tempo "gratuito" de televisão e rádio, para as eleições majoritárias, enquanto os "espertos" lideres dos despachantes organizaram os partidos para formar base parlamentar. 
As cláusulas de barreira não só irão promover um primeiro expurgo de partidos mercenários, mas levando junto alguns partidos programáticos, como tornarão mais difícil a organização de novos partidos.

Para a superação da velha política, a condição fundamental é que o candidato dependa do partido e não o inverso, como acabou ocorrendo atualmente. 

A segunda condição essencial para enfraquecer o despachante de interesses comunitários, é a ampliação da clientela que precisa alcançar. Para isso, ao contrário do que imaginam muitos políticos e analistas, a solução é o voto distrital. 

Uma das principais críticas ao voto distrital é que esse levaria à eleição de despachantes. 
Na prática o sistema atual é minidistrital, dando margem à eleição de despachantes federais de âmbito municipal. 
Decorre da concentração demográfica em alguns municípios, seja em aglomerados como em regiões metropolitanas.  
Sendo o "minidistrito" um Município o deputado federal tem uma relação forte com o Prefeito. Alguns fazem o rodízio entre a Prefeitura e a Câmara Federal. Parte de uma eleição para Prefeito, com apoio do "deputado federal da região", prometendo melhorias para a população local. Fazendo uma boa gestão, se candidata a deputado federal, em "dobradinha" com o Prefeito, prometendo direcionar emendas parlamentares para o Município e consegue, só no Município, um volume de votos suficientes para ser eleito, dentro do sistema proporcional. 
No voto distrital a base territorial é maior e precisa ter mais votos do que seu Municipio base. Irá concorrer com o candidato que tem base no Município vizinho. 
O volume de recursos para o atendimento das demandas primárias dos municípios pode ultrapassar o valor da sua quota individual de emendas parlamentares e precisará das emendas de bancada. O que o leva a uma associação com colegas e depender mais do partido. Ele passa a precisar mais do partido do que o partido precisa dele.

O que leva à indagação: o que o partido pode oferecer ao despachante, para ter a sua fidelidade?

Seria apenas ampliação de emendas parlamentares? Ou precisaria envolver alinhamento a posições ideológicas ou a programas?

(cont)

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