Alternativas para o centro radical

O sociológo e ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso, propõe a formação de um centro radical, mas não apresenta qualquer proposta programática para lhe dar sustentação ideológica.
O PSDB que se considera como um partido de centro, era - na prática - o outro extremo do espectro político, ocupado pelo PT. Na realidade, esse espectro estava truncado pelo soterramento da direita, ao longo de 33 anos. Essa que ocupou o poder, através do golpe militar de 1964, deixou-o em 1985, com a eleição de Tancredo Neves, pelo Colégio Eleitoral e posse de José Sarney, em abril de 1985.
O Governo Sarney foi de transição para evitar uma alternância abrupta de poder, mas já em 1989, com a primeira eleição direta para Presidência, a oposição ao Regime Militar tentou chegar ao poder, mas foi barrado pela eleição de Fernando Collor de Melo, populista, mas de origem e apoiado pela elite política e empresarial. Depois da derrubada de Collor, em 1992, a oposição ao regime militar chega ao poder, com a eleição, em 1994, de Fernando Henrique Cardoso, da ala moderada daquela oposição, superando Lula, que representaria a ala radical. Em 2002 Lula e o PT chegam ao poder e promovem a "devassa" dos crimes do regime militar, sem maiores impactos populares e eleitorais. Mas acuou e humilhou a direita que se "escondeu no armário". Com algumas saídas pontuais.
A oposição consegue derrubar a Presidente Dilma Rousseff, em 2015, mas não consegue assumir o poder, impedido pelo "colchão Temer", embasado nas normas constitucionais. Apesar das diferenças, para essa oposição, com repercussão popular, o Governo Temer foi apresentado e tratado como mera continuidade do Governo PT, e o principal responsável por uma situação "infeliz" do Brasil.
Opondo-se a esse Bolsonaro, ressuscita a direita, é eleito, vencendo o candidato do PT e está formando um governo, com forte presença de militares, admiradores do regime militar de 64. A eleição de Bolsonaro representa uma efetiva alternância ideológica de poder. Porque a alternância eleitoral entre PT e PSDB era uma disputa entre compadres, ambos do mesmo campo ideológico.
Com o restabelecimento completo do espectro político, pelo renascimento da efetiva direita, o lugar onde o PSDB sempre esteve, mudou de condição: de ponta oponente ao PT virou um centro indefinido.
O que FHC está tentando é que os pessedebistas percebam e reconheçam que perdem o papel político e social de ser o anti-PT. Que agora são, efetivamente, centro e precisam "tirar uma nova careira no poupa-tempo". Precisam buscar uma nova identidade. 
Levado à posição de centro, precisam se distinguir do "centrão", dai a idéia genérica de "centro radical". A expectativa é que o novo centrão, incorporando um supercentrista natural, o MDB, não tenha configuração ideológica, mas apenas mantenha se neutro em relação às posições políticas, para negociar com o Governo, as barganhas tradicionais.
O centro radical só se diferenciará se tiver por base uma ideologia e um programa com posições específicas.
Quais poderiam ser?

(cont)




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