Para a aprovação da Reforma da Previdência o Governo terá que adotar estratégias segmentadas, considerando as diferenças de visões e interesses dos diversos segmentos.
A proposta, como apresentada, terá como principal oponente a corporação dos servidores públicos, que embora seja relativamente pequena, no conjunto da população, está espalhada por todo o território nacional e com forte ativismo dos seus integrantes, na defesa do que consideram os seus direitos adquiridos. Entendem que o Governo quer reduzir ou tirar esses direitos e reagem - emocionalmente - contra isso. A reação racional é, na verdade, uma racionalização da reação, no seu sentido psicológico. Tenho esses direitos porque trabalhei muito.
Sem abandonar o foco da redução do déficit previdenciário, refletindo-se sobre o déficit público, o novo foco principal é o combate à desigualdade, caracterizado como privilégios corporativos dos servidores públicos.
Os servidores públicos, principalmente os de maior nível, por ocuparem cargos mais importantes dentro do Estado, irão perder renda, de forma continuada.
Poderão aceitar as perdas, por entenderem que não podem manter as condições atuais, por um sentimento de contribuição à nação, ou por serem "atropelados". Entre esses estarão os que resistirão e seriam derrotados e os que preferem ser "atropelados", com direito à reclamação ou lamentação permanente, do que reconhecer que eram privilégios.
O Governo precisa, preliminarmente, conseguir a adesão popular à estrutura da Reforma da Previdência, que está associada às idades mínimas e tempos de contribuição, o que afeta todos os trabalhadores, tanto os trabalhadores do setor privado, como os servidores públicos. Conseguido o apoio da população poderá discutir e negociar questões específicas.
Para conseguir o apoio popular a melhor forma é uma campanha de rua do presidente Jair Bolsonaro por todo o Brasil, diretamente com a população, amplificada pelas redes de televisão e pela mídia escrita. Ele é o lider populista com capacidade de mobilizar a população a favor das suas propostas. Se não tiver mais coragem de enfrentar a massa, depois do atentado que sofreu em Juiz de Fora, poderá "perder a guerra" da Reforma da Previdência.
Sem o imaginário popular "comprando" as versões a favor da reforma, superando as versões contrárias que ainda são dominantes, não conseguirá a aprovação no Congresso.
Não haverá campanha pela mídia tradicional que vá ganhar a batalha da comunicação. O único meio eficaz é a retomada da campanha pelas ruas e pelas redes sociais. Pessoalmente do Presidente.
Não será fácil para ele voltar às ruas. Poderá se restringir à campanha pela rede social, o que poderá não ser suficiente.
A articulação política, com as lideranças políticas será necessária, mas insuficiente. Essas não tem condições de assegurar uma votação segura acima dos 308 votos necessários para a aprovação da PEC.
(cont)
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