As forças em jogo na tramitação da Reforma Previdenciária (2)

Entre as duas pontas, estimadas em torno de 150 deputados haveria cerca de 360 parlamentares cujos votos serão decisivos para o futuro da reforma.
Um grupo, suprapartidário, é formado por deputados que assumem, por convicção pessoal, de que é essencial a reforma previdenciária, sem a qual o Brasil quebra. Estão dispostos a apoiar a aprovação da reforma previdenciária, com pequenos ajustes, provavelmente, extirpados dos "jabutis".
Não vão negociar a sua posição, mas muitos não irão recusar as vantagens políticas concedidas a todos. 
Um segundo grupo entre os deputados "indecisos" será dos defensores de corporações dos servidores públicos, que vão enfrentar um dilema: ficar na defesa dos interesses corporativos de uma minoria, por pressão direta ou indireta dos mesmos, ou aderir à maioria contrária aos considerados privilégios dessas corporações. 
Alguns poucos, por pertencerem a essas corporações ou por serem eleitos com os votos dos componentes das mesmas, manter-se-ão fiel aos seus eleitores. Mas a maior parte deles tiveram votos de terceiros que podem não aceitar a manutenção das desigualdades, levando-os ao dilema de ficar com a minoria dos seus eleitores, mas os mais próximos e, alguns deles, apoiadores financeiros das suas campanhas, ou seguir a maioria dos eleitores. O votos deles poderá ser decisivo em função das negociações com o terceiro grupo.
O terceiro grupo, talvez a maioria dos deputados, irá negociar o seu voto. 
Não foram eleitos pelas corporações dos servidores públicos, tampouco por outras especificamente afetadas pela reforma previdenciária. O impacto é difuso ou indiferenciado.
Foram eleitos por outras corporações, ou como despachantes de interesses comunitários. Como tal irão negociar o seu voto em contrapartida ao atendimento dos interesses das suas corporações ou comunidades. 
No caso da bancada ruralista, a mais relevante entre os despachantes corporativos, a moeda de troca, já evidenciada é a manutenção dos subsídios agrícolas.
Para os despachantes comunitários, o que interessa são as emendas parlamentares e as nomeações de dirigentes regionais dos órgãos federais. 
O custo econômico é relativamente baixo, mas o custo político, excessivamente alto. 
Nem o campeão do "troca-troca", Michel Temer, pressionado do Rodrigo Janot, um dos líderes corporativistas dos servidores públicos, aceitou pagar esse preço para aprovar a "sua" reforma previdenciária.
A posição de Jair Bolsonaro é mais crítica, uma vez que assumiu, como um dos compromissos de campanha.
(cont)

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