As forças em jogo na tramitação da Reforma Previdenciária (3)

O quarto grupo, seria o formado pelos deputados partidários disciplinados que seguiriam a orientação das respectivas direções ou lideranças partidárias, independentemente das suas posições pessoais não arraigadas.
Excluindo os partidos nas pontas opostas, já referidos anteriormente (PT e PSOL de um lado e PSL de outro), os demais - que seriam caracterizados como centro expandido - poderiam assumir duas posições distintas: fechar a questão (a favor ou contra) ou deixar aberta a votação dos seus parlamentares integrantes.

Por que fechariam questão?
Dada a repercussão pública da matéria, o principal foco das lideranças e seguidores do partido seria o seu eleitorado. Com as posições adotadas ganharão ou perderão votos?  Melhoram ou pioram as condições de sua reeleição?
As posições teriam - como pano de fundo - essa questão, ainda que nem sempre evidenciadas.

Além dessa questão, de fundo, o outro fator seria: "o que vamos ganhar com isso?" "O que o Governo nos vai dar em troca?" "O Governo está disposto a negociar e, o que?"

O dilema maior é dos partidos que tem Governadores de Estado entre os seus partidários e não podem prescindir de uma reforma previdenciária para reduzir os seus déficits públicos. Alguns estão em situação mais crítica: estão sem caixa, para poder pagar em dia, os seus servidores, ativos e inativos, isto é os salários, as aposentadorias e pensões.

Por outro lado, dos mais de 6 mil municípios brasileiros, excluídos poucos de maior porte, a maior parte tem como principal mercado de trabalho os servidores públicos, sejam federais, estaduais como municipais. Esses tenderão a pressionar os Prefeitos atuais, como os candidatos às eleições de 2020, assim como os "deputados da região" para votarem contra. Mas os Prefeitos atuais já enfrentam problemas para o pagamento integral dos seus servidores e correm o risco de completarem o seu mandato enfraquecidos, sem condições de reeleição ou de influir na eleição do seu sucessor. 

O Governo irá se reunir com as lideranças partidárias, nas quais fará apelo a favor da Reforma da Previdência, apresentando os argumentos da equipe econômica, mas a eventual aceitação dos mesmos não será por convencimento exclusivamente pessoal. O político precisa sempre ouvir as suas bases. O que se distancia dela, voltando-se para as relações de cúpula partidária, acabam não conseguindo ser reeleitos.

Enquanto em comunidades menores, o candidato é mais importante que o partido, usando esse como condição burocrática (registro obrigatório por um partido) nas comunidades maiores o partido é mais importante, dando respaldo programático, de imagem e de recursos. Sejam financeiros diretos, como de acesso aos programas obrigatórios. 
Além disso, a maioria é eleita pela soma dos votos partidários,  que define a quantidade de cadeiras de cada partido.
A vinculação do político do "médio e alto clero" ao partido é mais forte. 

A questão a ser avaliada é o quanto eles influenciam de fato os votos dos deputados, do mesmo partido, mas integrantes do baixo clero. 


(cont)



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