As reações políticas dos eleitores

O voto do eleitor decorre de reações a acontecimentos que afetam seu coração ou cabeça, conjugando elementos externos (próximos e distantes) e internos.
O voto no Brasil é obrigatório para todos os adultos, o que leva as pessoas a se registrarem como eleitores e a tomar uma decisão quando das eleições. Pode decidir não votar, sujeitando-se a multas irrisórias para quem tem boa renda, mas significativa para os sem renda. 
No processo político-eleitoral o eleitor é assediado, de diversas formas, sendo o alvo das campanhas dos candidatos em busca do seu voto. 
Nenhum candidato se elege, uma vez que com o seu voto pessoal, o único que ele domina inteiramente, não se elege. Ele é eleito, quando consegue que milhares de eleitores votem nele. Pode-se dizer que ele se elege, quando aqueles votos decorrem de sua atuação ativa na conquista dos mesmos. Mas mesmo com campanhas, algumas vezes caríssimas, o candidato pode não conquistar os votos suficientes para ser eleito. Outros podem ser eleitos por estarem no lugar certo e no momento certo. Ou segundo o dito popular: "ter montado no cavalo certo, no momento em que ele passa". 
Para ser eleito o candidato não precisa da unanimidade, da totalidade dos votos do eleitorado, mas o suficiente para obter votos mais que seus concorrentes. Esses dependem do cargo que disputam. 
Reiterando o que já escrevemos: a única disputa nacional é para a Presidência da República, incluindo o Vice-Presidente na chapa. Todas as demais são estaduais, ou municipais. Nas eleições gerais, como a recente de 2018, foram estaduais. Em 2020 serão municipais.
Os eleitores não são todos iguais, cada qual com a sua visão de mundo e as suas preferências. Por exemplo em relação a cores: alguns gostam do amarelo, outros do verde. A preferência pode ser por um clube de futebol, assim como por uma posição política. A preferência por um clube de futebol é emocional e subjetiva. Pode ser justificada racionalmente, mas a emocional prevalece sobre a racional. A preferência política também é, fundamentalmente emocional e subjetiva, mas pode ser controlada ou alterada por percepções ou avaliações racionais. 
Embora cada eleitor seja diferenciado de outro, tem com os outros pontos em comum, com o que se formam conjuntos, razoavelmente uniformes. No campo político, esses conjuntos diferenciados de eleitores com iguais posicionamentos políticos, deveriam ser formados ou representados por partidos políticos. Deveriam, porque a maioria dos partidos políticos não agregam sentimentos ou posições comuns. Alguns são montados e mantidos para obter verbas ou benefícios públicos e vendê-los, alugá-los ou cedê-los. São negócios que bem administrados geram recursos permanentes para a sua continuidade e poder pessoal.
Mesmo os partidos de cunho ideológico, como os de esquerda, tem poucos elementos fortes e poucas propostas objetivas, capazes de aglutinar - de forma consistente e mais continuada - conjuntos de eleitores com visões similares. 
A esquerda tem como principal ponto comum a "justiça social" e consegue a adesão de muitos eleitores, principalmente jovens, indignados com uma realidade desigual, de situação e tratamento diferenciado entre ricos e pobres, brancos e negros ou pardos, homens e mulheres e outras divergências. 
Já em relação à como conseguir a justiça social, os vários grupos ou conjuntos de pessoas/eleitores se diferenciam, sempre com uma liderança pessoal ou colegiada, adeptos ou torcida barulhenta, e simpatizantes silenciosos. Em alguns casos esses últimos saem às ruas ou vão aos estádios, incorporando-se às torcidas ativas e barulhentas.
Uma parte verbera conta o capitalismo, acusando-o de ser o principal gerador da desigualdade econômica e social. O seu ativismo se limita aos discursos e a eventuais manifestações de rua ou ações de ocupação de áreas públicas. Um conjunto específico, que já reuniu grandes multidões, vem perdendo força, ao longo do tempo: são os trabalhadores formais, isto é, empregados em empresas contra a "exploração dos patrões". Foram organizados em sindicatos, mas com a cooptação pelos governantes se tornaram agremiações de "caciques" gerindo recursos de obrigação pública. As bases de trabalhadores ficaram órfãs, e - no processo eleitoral - migraram para partidos populistas.
Os empregados privados ganharam a adesão dos funcionários públicos, que usaram os movimentos coletivos para obter ou manter benefícios específicos. Abandonaram as posições ideológicas, para assumir as posições pragmáticas e de defesa corporativa. Não são mais contra a desigualdade social, preferindo manter as suas condições privilegiadas em relação aos demais trabalhadores.
Uma parte da esquerda, contando com alguns adeptos, assume a justiça social, como um direito público e invade propriedades privadas ou públicas, supostamente desocupadas ou consideradas, por ela, como subutilizadas. Tem bases rurais como o MST (Movimento dos Sem Terra), como extensões urbanas como o MTST (Movimento dos Trabalhadores dos Sem Teto).
Outro ponto básico das pessoas que se posicionam como de esquerda é a defesa do patrimônio nacional. Para elas, o mercado interno é um patrimônio nacional que deve ser defendido contra as ameaças de invasão dos produtos estrangeiros, assim como pela desnacionalização das empresas. As empresas estatais são consideradas como patrimônio nacional e a sua privatização é vista como alienação desse patrimônio e um crime de lesa-pátria. 
Mas o nacionalismo de esquerda tem muitos pontos em comum com o nacionalismo adotado por parte das Forças Armadas. 
O PT a partir de uma base de empregados celetistas e da liderança e carisma de Lula, assumiu a liderança dos partidos de esquerda, colocando-os demais com auxiliares e não como parceiros. Agora em 2018, quando pediu o apoio desses só o obteve parcialmente e de forma crítica. As lideranças dos demais partidos de esquerda preferem um governo contra o qual ele se oponham e que fracasse, gerando melhores condições para vencer as eleições de 2022.
Essa é, aparentemente, a visão de Ciro Gomes, que segundo os seus partidários seria candidato à Presidência da República, em 2022.

(cont)









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