B&E

Os empresários estão começando a se interessar mais pelas eleições e alguns dispostos a financiar suas próprias campanhas ou de seus parentes e amigos. Correm o risco de gastar dinheiro atoa, embalados por ilusões.
Para terem algum sucesso, precisam usar a sua competência empresarial. Perceber as semelhança das estratégias empresariais com as eleitorais.
O ponto de partida é perceber que ninguém "se elege", mas é eleito. O poder não é do candidato, como não é do empresário: é do comprador, do consumidor no caso de negócios e do eleitor, no caso das eleições. 
Mal comprando o eleitor precisa comprar, com o seu voto, o candidato. Muitos não aceitam que a decisão do eleitor seja igual ou semelhante à compra. Mas para a maioria dos eleitores é. E vários dos melhores marqueteiros tiveram sucesso ao mostrar o candidato como um "sabonete perfumado".
Na comparação com as práticas de negócios, o processo eleitoral é um B&E, isto é, "bussiness to elector", isto é, um negócio voltado para o eleitor.
Da mesma forma que o empresário precisa formular e implantar estratégias para que o consumidor compre o seu produto, ele precisa fazer com que os eleitores votem nele, como candidato ou nos candidatos que apoia.
A primeira condição é ter um bom produto. Um produto que seja desejado pelo consumidor (oops, eleitor) para atender a uma necessidade ou aspiração. 
A idéia generalizada é que o político atenda a uma aspiração. Mas na prática ele é visto ou percebido pelo eleitor, como condição para atender a necessidades objetivas e de curto prazo.
O empresário está voltado para as condições macro da economia, mas o seu negócio depende das circunstâncias objetivas do consumidor/eleitor. Ele pode discutir e preferir um candidato que preferia a TR ao IPCA, para medir a inflação, ou da política de juros, mas o eleitor está preocupado com a "carestia". E mais que a realidade da variação de preços, com a sensação. O que é influenciado pela mídia: alta de preços é notícia. Baixa de preços é mera informação. O primeiro chama atenção, o segundo passa despercebido. A energia aumentou ou vai aumentar. Tem grande repercussão. A cebola baixou. É natural, é decorrência da safra. Não tem maior repercussão popular. Só vai ter quando subir de novo. 
Os economistas e o Governo dizem, com base, nos índices macroeconômicos, que a inflação está controlada. O povo continua achando que os preços continuam subindo. E que tudo está muito caro. O que está barato é o que não estamos comprando, mas entra nos índices.
Não adianta querer vender a quem não tem renda. Com o aumento do desemprego, milhões estão sem renda ou com pouca renda para comprar. 
No caso das eleições não. Cada pessoa tem um voto, esteja empregado ou não. E o candidato tem que batalhar para conseguir esse voto. 
Não é um processo de atacado, com decisores concentrados, mas de varejo disseminado. Não basta ter os votos dos amigos e aderentes. Mas buscar milhares de votos. 

(cont)

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