"Bolsonaro me representa"

A classe média brasileira (pelo menos a maior parte) até então silenciosa, começou batendo panelas, foi às Avenidas, de verde e amarelo, passou a mandar mensagens pela rede social, a discutir em casa as opções políticas e ao final votar em quem representa a sua visão de mundo. 
O eleitor de Bolsonaro pode dizer que "ele me representa", "ele pensa como eu". Mesmo os que votaram nele para evitar uma eventual vitória de Haddad viram nele a imagem do antipetismo. 
Bolsonaro pode ter sido um legislador apagado, ao longo dos seus 28 anos de Câmara Federal, mas sempre se manifestou contra o PT, mesmo quando esse ainda não era governo. A trajetória política de Bolsonaro coincide com a dos 38 anos de existência do PT. Em contrapartida aos "petistas históricos" Bolsonaro é um "antipetista histórico".
Eleito legalmente, dentro das regras estabelecidas, já se posiciona como o representante do Brasil. Será o representante institucional, perante o mundo. Será o governante de todos os brasileiros, mas não representa a maioria do eleitorado brasileiro. O total de votos que recebeu fica em torno de 40% do eleitorado.
Mas representa - pessoalmente - a visão de mundo dos seus eleitores. Diferentemente de Haddad que não pode ser considerado um legítimo representante a visão de mundo petista. 
Enquanto o PT tem uma visão de mundo, que está acima do candidato, o PSL, pelo qual Bolsonaro foi eleito, não tem uma visão de mundo configurada. A vitória é pessoal, não partidária. O que o isola para governar. Acima dele só conta com duas figuras etéreas: Brasil e Deus.
O Brasil que ele representa não é a maioria dos eleitores e tanto por ser reforçada como se dissipar, ao assumir efetivamente o Governo. 
A partir de 01 de janeiro de 2019 deixará de ser mito, para ser uma pessoa concreta, de carne, osso, cabeça e coração.

(cont)