Uma consequência, supostamente natural, da retomada do crescimento econômico seria o crescimento dos empregos, intensificando a espiral ascendente: com mais empregos, haveria maior renda e capacidade de consumo. O aumento do consumo puxaria de novo a produção que, em decorrência, aumentaria os empregos, dando sequência à espiral de crescimento.
Mas com as mudanças promovidas pela tecnologia e da estrutura econômica, as correlações atuais entre o aumento do PIB e dos empregos não são mais as mesmas.
O motor mais dinâmico da economia brasileira vem sendo o agronegócio exportador, com alta produtividade, muito superior à média, o que significa menor geração de empregos por unidade de aumento do PIB.
Os setores industriais de maior crescimento estão associados à ampliação de vendas para o exterior, também com elevada produtividade, isto é, menos empregos. Por outro lado, setores altamente empregadores, como a indústria têxtil enfrenta a concorrência externa, o que significa que o consumo brasileiro não puxa, na mesma intensidade, a indústria brasileira e o emprego brasileiro.
Outro fator contrário à intensidade da geração de empregos é o trabalho por conta própria.
Haverá uma melhoria no mercado de trabalho, mas menos intensa no mercado de empregos, o que tem sido caracterizado como precarização do trabalho e geração de empregos de menor qualidade.
Essa visão enviesada sobre as mudanças do mercado de trabalho podem contribuir para uma percepção negativa sobre os resultados da política econômica do Governo, afetando a sua popularidade.
(cont)
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