Completadas três meses da presidência de Jair Bolsonaro ficam mais nítidas as suas condições indicando as perspectivas possíveis.
O principal pilar dos cenários futuros está na personalidade ou características pessoais do Presidente.
Tem uma visão de mundo limitada a alguns pontos, que passam a ser o foco de seu comportamento. É inapetente para cuidar do resto, ainda que faça parte das suas atribuições. Prefere delegar, mas acaba interferindo quando a manifestação ou ação delegado ingressa no campo visual dele, Presidente.
Diante da percepção dessas limitações pessoais, os oportunistas (no sentido estrito e não ético da palavra) buscam influenciar a sua atuação, dentro de um jogo de forças. Ou de uma "guerra intestina", repleta de "fofocas", com cada oponente tentando desconstruir o adversário, junto ao Presidente.
Jair Bolsonaro tem limitações de conhecimento e inapetência para cuidar do que não conhece e não gosta, mas tem elevada sensibilidade para esse jogo de poder. E joga, segundo uma visão monárquica. Sente-se o rei, cercado de áulicos, cada qual buscando ter maior influência sobre as suas manifestações e decisões.
Quando algum deles se excede ou tenta ampliar o seu poder de influência, pode "cair em desgraça", pela reação psíquica ou meramente emocional, do rei em manter o seu sentimento de mando: "aqui quem manda sou eu. Nem meus Ministros, nem meus filhos".
Gustavo Bebianno foi o primeiro. Construiu o arcabouço institucional que deu suporte à eleição de Jair Bolsonaro, ganhou grande poder de influência sobre a pessoa, mas não resistiu ao embate com um dos príncipes.
Paulo Guedes e Sérgio Moro embarcaram na "canoa" de Bolsonaro, na perspectiva de amplo poder para implantar as suas visões, nas respectivas áreas. Já foram desautorizados em questões específicas, por conta da "guerra de influências".
Já perceberam que a "carta branca" que receberam está manchada, além de estar sujeita a "chuvas e trovoadas". Tem o pleno apoio do monarca, mas esse está pressionado por outras influências.
Algumas são externas e tiveram poder, quando menos evidentes. As assumirem o poder de influência, para tentar mantê-lo entram em choque com outras forças influentes e acabam por perder aquele, como está ocorrendo com o "guru" Olavo de Carvalho. Entrou em choque direto com o Vice-Presidente, General Mourão, liderando o movimento que o acusa de conspirar para tomar o lugar do Presidente. Na sequência entrou em conflito com Silas Malafaia, outro grande influenciador do Presidente. O poder dele está no comando da principal denominação evangélica e dominante dentro da bancada evangélica.
Olavo de Carvalho só tem um voto significativo: o do príncipe Eduardo, que pretende ser o principal líder direitista dos países emergentes. E mantém ainda seus asseclas, dentro do Palácio e dos Ministérios.
Já Silas Malafaia, com alguma perda do poder de influência sobre o Presidente, mantém o controle da maioria da bancada evangélica e a mobilização dos seus fiéis, contra ou a r do Presidente. Ele não vai querer testar.
Quando Rodrigo Maia disse o que Bolsonaro deveria fazer para conduzir a Reforma da Previdência, a reação à tentativa de "dominação", foi impetuosa e agressiva, do tipo: "você não tem que dizer o que eu tenho que fazer. Faça a sua parte, eu faço a minha". Ou ainda na linha do "eu ganhei a eleição. Eu sou o Presidente e quem manda sou e
Só não contou ou entendeu que o Congresso também foi eleito, tem o poder de aprovar ou desaprovar uma Emenda Constitucional, e seus deputados e senadores tem que prestar contas aos seus eleitores, com a aplicação de recursos públicos que estão sob o poder do Executivo.
(cont)
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