Completados três meses do mandato de Jair Bolsonaro, podem ser identificadas duas estratégias, de limitados impactos futuros.
Segundo a grande mídia, Bolsonaro não governa, não toma decisões firmes e tampouco consegue desenvolver ações para entregas efetivas para a sociedade.
Sem dúvida, é má vontade, consequência do confronto do Presidente com aquela.
A primeira das estratégias foi o aproveitamento da herança bendita deixada por Temer, sem pretensões de alterações, no campo das privatizações.
Confirmou o calendário definido ainda em 2018 e efetivou 3 leilões de concessões de serviços públicos. O primeiro, com maior repercussão, foi um conjunto de 12 aeroportos, com resultado acima do esperado pelo mercado, com o ingresso de novos "players" internacionais. A modelagem definida por Temer, mudando radicalmente a de Dilma, foi mantida e foi um sucesso. O segundo, de terminais portuários teve pouca repercussão, mas os seus resultados indicam uma estratégia agressiva do grupo COSAN, para se tornar o principal player na infraestrutura logística.
Isso foi confirmado ao apresentar a proposta vencedora para obter a concessão da Ferrovia Norte-Sul, superando a VLI, tida como a favorita. Apesar do sucesso do leilão, a repercussão pública e do mercado foi baixa, porque frustrou a expectativa de grandes investimentos chineses, no Brasil. Para eles a FNS seria estratégica dentro da nova rota da seda.
Sem a concessão a Norte Sul, a posição dos chineses, em relação à ligação com o Pacífico fica enfraquecida. Fica igualmente enfraquecido o efetivo interesse dos chineses pela FIOL, apesar as gandes expectativas do Governo Baiano. Trataremos dessa questão, em outra oportunidade.
Essa estratégia, conduzida mais pelo Ministro de Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, do que pelo próprio Presidente, tem fôlego curto, porque a herança está praticamente esgotada. No "pipeline" das concessões, em fase adiantada estão apenas alguns terminais portuários. As concessões rodoviárias federais, ainda estão com muitos problemas e o Governo parece não saber ainda como superar os gargalos. O mesmo ocorre com as licitações de campos de petróleo. Também será objeto de outro artigo.
A segunda estratégia efetiva do Governo Bolsonaro, aparenta ser um grande erro, desagradando a todos os lados. Jair Bolsonaro se comprometeu com lideranças evangélicas, seguir a decisão de Trump, e transferir a Embaixada Brasileira em Israel para Jerusalém. Não foi um compromisso populista, porque coincide com o seu pensamento pessoal. O apoio dos evangélicos foi fundamental para a sua eleição para Presidente da República. Não foi o único fator, nem o principal, mas o diferencial para superar o adversário.
Ainda na transição sofreu contestações, tanto da área militar, como da diplomática e econômica. A diplomática porque quebrava uma tradição de neutralidade, a militar porque, além da tradição e dos impactos econômicos, não quer set envolvido num conflito bélico no Oriente Médio. A área econômica, juntamente com o agronegócio levantou os impactos negativos da ruptura com os países muçulmanos, principal mercado de carnes brasileiras.
Convidou o Primeiro Ministro de Israel, Beniamin Netanyahu, para a posse, com intenção de anunciar a transferência, mas teve que recuar não definindo quando isso se efetivaria. Netanyahu o convidou para visitar Israel para pressionar pela transferência da embaixada, antes das eleições em Israel nas quais aquele é candidato, com riscos de derrota.
Bolsonaro adotou a malandragem de fazer de conta que vai, mas não vai.
Não anunciou a transferência da Embaixada Brasileira, mas prometeu a instalação de um escritório comercial.
Conseguiu, praticamente, a unanimidade de desaprovação. Bibi ficou frustrado. Os evangélicos, contrariados, a sociedade organizada (ou opinião publicada) insegura e o mercado, preocupado.
(cont)
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