Cenários e fatos

Os cenários se baseiam em suposições sobre a realidade vindoura. Os fatos são a própria realidade.
Alguns fatos da primeira semana são importantes porque impactam as trajetórias consideradas nos desenhos iniciais dos cenários. Outras os confirmam.
Como instrumento de apoio à decisão, cenários precisam ser dinâmicos, ajustando os rumos a partir dos fatos. 
Para o cenário "lua de mel continuada", não há novidades que justifiquem qualquer ajuste. Os discursos de posse do novo Presidente, assim como dos seus Ministros, confirmam o previsto. As pesquisas de opinião apontam alto nível de expectativas positivas e apoio ao novo Governo.
Os fatos apontam mais para o cenário de relacionamento instável, com as trapalhadas iniciais do Governo, com afirmações e retrocessos.
O fato mais relevante é a amplitude da reação do crime organizado no Ceará, contra uma eventual mudança na política penitenciária.
Os indícios são de que houve uma falha na inteligência policial que não constatou ou não percebeu a possível extensão da retaliação. Também a inteligência do Governo Federal falhou atrasando a reação, com a demora em mandar as Forças Nacionais ao Ceará. Um governo com um grande volume de militares nos postos chaves não poderia reagir de forma tão lenta, deixando se desenvolver o clima de insegurança.
Com a batalha deflagrada, agora a expectativa é da punição dos envolvidos. 
Uma hipótese da teoria da conspiração - que grassará no Governo Bolsonaro - é que a provocação do Governo do Ceará foi para que as lideranças e os operadores se mostrassem, para poder capturá-los. Eles efetivamente "mostraram a cabeça para fora". O volume de prisões é elevado, mas poderão ser soltos logo adiante.
Talvez o Governo tenha deixado acontecer para justificar a classificação dos incêndios de ônibus e carros, como atos de terrorismo, o que depende de aprovação legislativa. 
O General Santos Cruz já se manifestou nesse sentido. 
Nada dentro da "era Bolsonaro" pode ser analisado linearmente. 

(cont)


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