"Combinando com os russos"

O Brasil se tornou um grande produtor e exportador de grãos, carnes, suco de laranja, açúcar e outros produtos agropecuários, com base na produção por fazendeiros e empresas brasileiras. Os produtores agropecuários, de origem estrangeira, no Brasil, ainda são poucos e ocupando posições secundárias nos "rankings" empresariais. Isso decorre das dificuldades impostas pelo Estado Brasileiro à compra de terras agricolas por estrangeiros.
As empresas estrangeiras se posicionaram mais nas atividades de comercialização, principalmente a comercialização externa, através das tradings companies, e na agroindústria. Neste atuam tanto na fase antecedente, como dos fertilizantes, defensivos químicos e máquinas agrícolas, como na fase subsequente, com o processamento das matérias primas. 
Através dos mecanismos de financiamento da produção, tem elevada influência no processo produtivo, mas não atuam diretamente na produção agropecuária.
Essa predominância da produção por empresas nacionais, leva parte da sociedade a aceitar a visão de que o Brasil é um grande produtor do agronegócio. Mas coloca, para alguns a dúvida se o Brasil é exportador, uma vez que a maioria dessa exportação é feita através de tradings multinacionais.
Já em relação aos alimentos processados, em função da forte presença de multinacionais, capitaneadas pela Nestlé e Coca-Cola, tem se levantada a dúvida se o exportador seria o Brasil ou as multinacionais ? Na prática seriam os dois.

Uma produção feita no Brasil (made in Brazil) e exportada, mesmo que por multinacional de origem estrangeira será uma exportação do Brasil. 

Duas questões prévias devem ser consideradas? O que faria com que a multinacional se instalasse no Brasil para uma produção local? Segundo, porque ela exportaria o produto feito no Brasil e não de outras unidades que tem no mundo? A sua preferência não seria uma produção local?

A resposta à primeira é simples e baseada em experiência passada. As multinacionais instalaram unidades produtivas no Brasil, para abastecer o mercado interno. Como o fizeram em vários outros mercados nacionais, seja porque estariam produzindo mais próximo do mercado consumidor, como por proteções ou restrições dos Governos. 

Em função disso as multinacionais tem instalações em todo o mundo e para eventuais exportações tem um grande leque de escolha: por que escolheriam o Brasil?

Por maior que sejam as suas redes de unidades produtivas, não cobrem todos os paises e elas buscam suprir mercados sem produção local, por exportações. Concorrendo com produtores locais, nacionais. Precisam ter competitividade.

As estratégias passadas tenderam para a formação de redes com núcleos centrais (de caráter regional) com a concentração da produção e distribuição para um mercado amplo, através de exportações. O processo decisório de localização produtiva era comandando pela economia de escala.

Dentro desse modelo o Brasil não só é candidato, como na prática tem sido escolhido como um dos núcleos regionais centrais. Principalmente para o mercado sul-americano ou o mercado latino-americano, que envolve o México, América Central e parte do Caribe.

A questão é como o Brasil tem que combinar com os "russos", isto é, com as multinacionais para que elas instalem no Brasil os seus núcleos regionais?

A resposta mais difícil não é que combinar, mas quem vai combinar pelo Brasil?




(cont)

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