No desenho de cenários prospectivos de Governo, temos partido de um tripé: circunstâncias, personalidade e estratégias.
A personalidade do governante é uma questão pessoal e dificilmente ele vai alterar, ao longo do seu governo. Pode até se submeter a sessões de análise psicológica que quando muito podem mitigar impulsos ou depressões, mas não alteram substancialmente as características inatas.
Não há como esperar que Jair Bolsonaro, uma vez assumida a presidência, mude substancialmente a personalidade do ex-capitão, bem conhecida pelo seu histórico.
Ele é um "grosso", que diz o que pensa, sem respeito aos interlocutores e com um palavreado popular, sempre entremeado por "palavrões". Essa característica pessoal foi uma qualidade, uma condição essencial para levá-lo à vitória no pleito presidencial de 2018.
Com a sua ousadia e agressividade, com o seu destempero verbal contra o lulo-petismo foi percebido pelo eleitorado, como um oponente viável àquele, diferente dos demais, todos "light". Ou, na linguagem dele, "frescos".
Chamou o PT não para uma disputa de esgrima, mas para uma luta de MMA, e saiu vencedor, com ambos os lados apelando para jogo sujo.
Grande parte da classe média, da chamada "sociedade organizada", cansada e indignada com as práticas e políticas petistas, uniu-se ao "grosso", na esperança de que ele derrotasse o lulo-petismo e, uma vez na presidência, se tornasse mais civilizado.
A primeira parte se concretizou e Jair Bolsonaro foi eleito presidente com grande apoio da sociedade organizada, que concentrou os votos nele, compensando e superando a predominância do voto popular no lulo-petismo, no Nordeste brasileiro.
A segunda parte, não. Jair Bolsonaro, um lídimo representante da baixa classe média ascendente, segue como tal, andando de sandálias dentro do Palácio da Alvorada, sem tirá-lo, para eventuais audiências, soltando os seus palavrões e manifestando as suas indignações e contrariedades. Ele não dá "a mínima" para a tal "liturgia do cargo". Ele continua sendo o mesmo Jair, até porque acha (ou tem certeza) que é isso que o povo que o elegeu quer.
O problema é que tornado Presidente, ele é o alvo preferencial da mídia tradicional, que o acompanha, ininterruptamente e repercute seus pronunciamentos e ações.
Com a visibilidade as manifestações provocativas, com repercussões limitadas aos seus seguidores e detratores na rede social, passaram a ter repercussão mais ampla, até em amplitude internacional.
Repercussão de uma sociedade organizada, escandalizada com a "grossura" do Jair.
Essa que foi uma qualidade para a sua eleição, é hoje vista como o seu maior defeito pessoal.
Para efeito dos cenários, duas perspectivas básicas devem ser consideradas: ele não vai mudar, até porque se mudar, vai deixar de ser autêntico, ser o "capitão" e perderá autoridade pessoal.
A outra alternativa é que ele se enquadre, ou seja, enquadrado, podendo virar um fantoche.
(cont)
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