Existe petismo, além do lulismo?

A opinião não publicada conquistada pelos discursos e ações da esquerda são dominados pelo lulismo. Complementarmente há os aderentes aos movimentos sociais e à luta dos oprimidos. O proletariado já abandonou a esquerda há algum tempo. Só restaram alguns líderes sindicais de esquerda, que não tem mais o apoio eleitoral da base.

O lulismo tem por base a perspectiva de ascensão social gradual pelo consumo. O pobre não quer subir, de repente, muitos degraus e ficar rico. Ele quer ser menos pobre e poder usufruir de algumas condições básicas, como poder ter três refeições por dia (café da manhã, almoço e jantar) e poder comer um bife todos os dias.

Essa visão não é compartilhada pelos intelectuais, assim como pelos políticos de esquerda, o que faz com que o lulismo seja uma "idéia força" personalizada. O lulismo tem o seu Messias, mas não tem apóstolos. Não tem quem assuma os ensinamentos e os difundam. 

Não tem nenhum petista que encarne o lulismo. Sem esse o PT é um partido de esquerda tradicional, mais aguerrido na oposição aos Governos, mas sem propostas objetivas.

O PT perdeu os trabalhadores por não ter um discurso adequado às suas novas motivações. A luta pela revogação da "Reforma Trabalhista" interessa às lideranças sindicais, mas não à massa dos trabalhadores, tanto os formais, como os informais.

Perdeu para o PSOL a liderança sobre os movimentos sociais (ou de base) nos centros urbanos e a defesa das minorias e oprimidos. 

Remanesce com o apoio de militantes, da esquerda intelectual e um amplo conjunto de eleitores lulistas. Em 2018, Lula preso é um mito importante para direcionar votos para o seu substituto. Mas na continuidade, o seu peso eleitoral ficará enfraquecido. Continuará sendo uma idéia forte, com o seu Messias, mas sem apóstolos. 

O PT e a esquerda terão que buscar novas idéias, propostas e lideranças para voltar a sonhar com a reconquista do poder. 

(cont)