Impactos futuros da crise Bebianno

A crise política gerada pelo conflito entre Gustavo Bebianno e Carlos Bolsonaro pode ser resolvida e ser apenas um episódio  usual dos primeiros dias de governo, quando ocorrem disputas por espaços de poder. Ou pode caracterizar um elemento, um fator, que pode marcar o Governo Bolsonaro.
A questão é de lealdade e de traições.
A única personagem verdadeira, no episódio foi Carlos Bolsonaro que, com uma lealdade canina, procurou afastar Gustavo Bebianno da proximidade do pai, não tendo receio ou preocupação de chamá-lo de mentiroso. O fato é que Bebianno mentiu e Jair Bolsonaro replicou o post do filho. 
Bebianno foi mais que um leal companheiro de Bolsonaro, quando esse iniciou uma desacreditada campanha. Assumiu a direção do PSL e deu organicidade à vitoriosa campanha do bolsonarismo. 
Como Presidente interino do PSL, tomou para si o controle central da distribuição das verbas dos fundos partidários e eleitoral, mas segundo diretrizes e homologação dos pedidos e distribuição dos recursos. 
Os principais recursos foram destinados ao Presidente licenciado do PSL, Luciano Bivar, provavelmente dentro do acordo para entregar o partido a Jair Bolsonaro.
Tanto Bivar, em Pernambuco, como Marcelo "Alvaro Antonio" em Minas Gerais usaram laranjas para cumprir as cotas de candidatas mulheres e desviaram os recursos atribuidos a elas para fornecedores de seu interesse. Teriam sido, segundo levantamento do G1 51 casos, entre diversos partidos. Mas notícia relevante foi o das do PSL por serem do partido do presidente eleito. 
Detetado um caso, em Pernambuco, pela Folha de São Paulo, logo Luciano Bivar se esquivou e passou o mico para Bebianno, porque esse tinha o poder formal e a última palavra. 
Pressionado para assumir a responsabilidade, ou erro, e deixar o Governo para preservar a imagem impoluta de Bolsonaro e do seu partido, recusou-se por considerar que nada tinha feito de ilegal e contou com a contrapartida de lealdade de Jair Bolsonaro à sua. Mas a interferência do "pit bull" Carlos Bolsonaro, intrigando Bebianno com o pai, então hospitalizado, "entornou o caldo" e o resquício de lealdade, foi dar a oportunidade de Bebianno se exonerar, evitando uma "desonrosa demissão". 
Não era o que Bebianno esperava de Jair Bolsonaro e recusou-se a sair. 
Transformou o episódio num caso de deslealdade e de traição. Bebianno sentiu-se traido e faz questão de caracterizar essa condição. 
Por outro lado, Jair Bolsonaro se sente traido pelo companheiro e reage com violência. Há um antecedente dentro do clã Bolsonaro, com a participação do mesmo Carlos Bolsonaro. A primeira mulher de Jair Bolsonaro era também parceira política, mas ele sentiu-se traido e retaliou colocando o filho como concorrente dela, derrotando-a.
Se Jair Bolsonaro foi desleal com o fiel companheiro e o traiu, não o defendendo. Ao contrário, colocando à execração pública, o que ele irá fazer com os demais  Ministros e auxiliares mais próximos. Todos vão se sentir inseguros, se por alguma razão, cairem nas desgraças do filho 02. 
Se a marca de Jair Bolsonaro é a deslealdade, irá ele ser desleal com o seu eleitorado? 
Se isso ocorrer o que será o seu governo, daqui por diante?

(cont)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Lula, meio livre

Lula está jurídica e politicamente livre, mas não como ele e o PT desejam. Ele não está condenado, mas tampouco inocentado. Ele não está jul...