Cenário Bolsonaro, Presidente: mais do mesmo

Jair Bolsonaro eleito democraticamente, empossado regularmente à pouco mais de 100 dias mostra-se inapetente para exercer o cargo que o eleitorado lhe atribuiu. 
Não assumiu plenamente a Presidência da República o que é requerido por seus apoiadores diretos, pelos que esperam resultados efetivos da ação governamental, pelos políticos governistas no Congresso que precisam do seu apoio explícito, para defender os seus projetos e pela sociedade que espera pelas grandes mudanças prometidas.
Eleito com o apoio de múltiplos grupos e interesses, alguns conflitantes tem dificuldade em arbitrar as divergências. 
Tem fugido da tomada de decisões, a menos quando envolve os filhos. Em todos os casos, ao final, decide a favor deles. Não como decisão presidencial, mas paterna. Para Jair Bolsonaro ser pai é mais importante que ser Presidente: "filhos acima de todos".
No centésimo dia do seu mandato tomou um conjunto de decisões, com a emissão de um conjunto de decretos e projetos de lei, para o cumprimento das metas prometidas por Onyx Lorenzoni, para os 100 dias de Governo. As metas não estavam sendo cumpridas por falta de decisões do Presidente, diante de interesses conflitantes. Os teores dos decretos e projetos de lei configuram uma opção presidencial.
Foram indícios de que Jair Bolsonaro resolvera assumir efetivamente a Presidência. Como Presidente usou o poder para interferir diretamente numa decisão da direção da Petrobras. O que foi considerado um desastre para o mercado e para a sociedade organizada. 
Muitos já não pressionam tanto para que Bolsonaro assuma efetivamente a Presidência: "Melhor ele ficar andando de moto do que exercendo plenamente a Presidência." Quando exerce é para vetar alguma decisão dos escalões inferiores, por pressões de algum grupo de apoiadores.
Ele não será, por condições e razões pessoais, o Presidente que o mercado e outros segmentos que o apoiaram nas eleições querem ou esperam que ele seja. Bolsonaro continuará sendo o Jair, gostem ou não.
Ele perde apoio popular, mas mantém a fidelidade de parte da população - cerca de 1/3 - e dos seguidores na rede social, o que lhe dá a impressão de que mantém um amplo apoio do povo. O "povo" da rede pode não representar o povo real, mas para os Bolsonaros só existe aquele: com o qual pode interagir. Não acredita na opinião do "povo real" que seria captada pelas pesquisas, dominadas pelo "inimigo": a grande mídia.
Ilusão ou não deles, este cenário é dominado pelas idiossincrasias pessoais de Jair Bolsonaro, portanto, altamente instável.
Mantém um relacionamento intermitente com o Congresso, não assumindo a liderança plena na articulação de uma base para aprovação das medidas fundamentais para a economia como a Reforma da Previdência e outras. Pressionado pelos políticos governistas monta uma articulação que se esvai logo em seguida. 
As medidas são aprovadas pelo Congresso, mas modificadas e em ritmo lento.
A economia vai se afastando da política e segue um ritmo de crescimento lento e instável.

(cont)






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