Pacto ou pato (manco)

Não se propõe acordo quando se está ou se sente fraco ou se está sozinho ou em desvantagem flagrante. Jair Bolsonaro gosta de briga e de provocar os seus desafetos. Sabia que tinha apoio, mas não sabia o quanto.
Em que pese a superestimação do apoio popular, esse foi expressivo e Jair Bolsonaro tomou a iniciativa de propor um acordo com as chefias dos demais poderes. Mudou da posição de beligerância, para um "papo".
Ele terá dificuldade em cumprir o pacto, seja por características pessoais, como pela eventual perda de apoio popular, ou melhor, das suas bases.
Essas foram às ruas para a sua defesa no confronto com o Centrão, o seu suposto líder Rodrigo Maia e contra o Presidente do STF, Dias Toffoli, nominalmente citados e acusados pela turba. Fazer acordo com eles, pode ser visto como traição para as suas bases. Sairam às avenidas para torcer pelo seu lutador preferido, na briga com os adversários. Não para um acordo. 
Foram incentivados à beligerância e agora o seu apoiador não quer continuar a briga: "frouxo", "covarde", "maricas". "Cadê o cabo e o soldado para fechar o STF? Para o Congresso precisa de um sargento? Tem agora vários lá dentro. Chama o Sargento, pastor Isidório. Com a bíblia na mão, não precisa de fuzil". A turba bolsonarista quer briga, não "papo furado".
Jair Bolsonaro, aprendeu que para fortalecer a "sua turma", precisa ter um inimigo visível. Os nazistas escolheram os comunistas, inicialmente, depois os judeus. A turma ou seita bolsonarista, na sua maioria fica quietinha, deixando apenas alguns porta vozes estridentes falar por ela. Mas provocada sai às ruas e avenidas, como torcida organizada. 
Vai a jogo com torcida única. No dia 26 não foi o povo que saiu às ruas, uniformizada. Foi só a torcida bolsonarista, com grande capacidade de mobilização e provocação, como convém às torcidas organizadas.
Quando um grupo de mulheres saiu com o "Ele não", a sua ala feminina respondeu logo com o "ele sim". Em resposta às manifestações dos estudantes e professores contra os cortes de verbas na educação, foi para a praia. 

O pacto está sendo costurado para a aprovação da Reforma da Previdência, que excluindo os radicais de esquerda, todos estão a favor. Mas de qual delas? Cada um interpreta como quiser. 
Um texto básico, saindo da relatoria da Comissão Especial, será aprovado pela Câmara. O problema estará nos detalhes, ou melhor nos destaques.
Detalhes que significarão billhões a mais ou menos em dez anos. 
Aprovada uma Reforma da Previdência, qualquer que seja, a trégua será rompida e "seja o que Deus quiser": acima de tudo e de todos. 
Quem irá pagar a conta?
Quem sucumbirá? quem sobreviverá?

(cont)

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