Nova e velha política

Jair Bolsonaro foi eleito prometendo acabar com a "velha política" e instaurar a "nova política". Só que ele esqueceu de combinar com os eleitores. 
Ele conseguiu cerca de 57 milhões de votos, numa eleição nacional, mas no Congresso Nacional, onde está sediada a "velha política", o seu partido, em eleições de bases estaduais, só conseguiu eleger 51 deputados federais e 4 senadores. Mesmo assumindo que todos os deputados e senadores do PSL são da nova política e com adesão de outros congressistas eleitos que seriam da nova política, não chegariam a 100 deputados federais, isto é, cerca de 20% do Congresso Nacional. No Senado Federal, representariam um percentual ainda menor.

O epíteto de velha ou nova política se aplica mais aos partidos e parlamentares da situação, ou do governo, não cabendo o uso para a oposição radical, que se recusa terminantemente a qualquer negociação com o Governo.
Subtraindo os supostos parlamentares da "nova política", e os opositores radicais, ainda sobrariam cerca de 300 deputados que seriam da "velha política".
Os parlamentares  da "velha política" são aqueles eleitos como despachantes de interesses comunitários ou corporativos. 
Em Brasília o seu trabalho principal não é discutir ou aprovar leis, mas assegurar ou levar benefícios públicos aos seus eleitores. 
Os despachantes de interesses comunitários tem nas emendas parlamentares e nos cargos federais regionais o seu principal foco. Negociam o seu voto, contra esses beneficios. É um "troca-troca", caracterizado como "velha política". 
Não há como convencer o despachante a mudar o seu voto em nome do interesse nacional. A sua visão de interesse nacional é o interesse de seus eleitores. Se não os atender não será reeleito e não poderá usufruir das benesses do cargo, tampouco cumprir o que entende ser a sua missão como político: promover o bem coletivo. Do "seu coletivo", isto é, do seu eleitorado que é sempre um coletivo.

(cont)

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