O desafio político da educação

O processo político brasileiro tem sido debitado ao baixo grau educacional de grande parte dos brasileiros, analfabetos completos ou funcionais. Isso a levaria a ser "presa" fácil dos populistas, com as suas promessas. Mas, por mais despreparados intelectual e racionalmente, que sejam, ninguém seduz quem não está disposto(a) a ser seduzido(a). 
O voto pode ser puramente emocional, mas tem fundamentos. Esses estão na sua visão de mundo e expectativas de melhoria da sua vida.
As pessoas querem melhorar a sua vida, no contexto das comunidades locais ou de amizades onde convivem. 
Não são inteiramente egoistas e a sua visão política é de votar em quem ofereça uma perspectiva de melhoria coletiva. Coletiva, porém restrita. Coletiva para a comunidade, para o grupo que elas conhecem e convivem. 
O interesse coletivo está limitado até onde a vista alcança. 
É na percepção dessa condição que os políticos populistas conseguem o voto dos eleitores de uma comunidade ou de uma corporação. 
E os obtém se oferecendo a serem despachantes dos interesses coletivos restritos dos seus eleitores, junto às autoridades públicas. 
É dessa conjugação entre a visão restrita do eleitor ("até onde a vista alcança") e o papel de despachante do deputado federal que resulta a nefasta composição da Câmara Federal. Características que se reptem no Senado Federal, nas Assembléias Legislativas estaduais e nas Câmaras de Vereadores.

Isso leva a que a responsabilidade ou culpa pelo quadro político atual não seja predominantemente dos políticos, ou das regras institucionais, mas dos eleitores. São eles que votam e elegem os políticos.
Nenhum político se elege. Ele é sempre eleito. Se não tiver votos, não se sustenta como político.

Esse quadro pode ser mudado pela educação. Mas não basta propor uma educação "de qualidade". Não podem ser propostas de educadores com as perspectiva corporativas, "até onde a suas vistas alcançam". 

O foco da educação política deve ser o eleitor e ajudá-lo a ampliar a sua visão de mundo. Sair da sua "caixinha" para - pelo menos - caixas maiores. 

Como fazer isso? É o desafio que lanço aos educadores.

(cont)

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