O dilema de Lula

Lula pensou e desenvolveu uma estratégia, que as circunstâncias atuais mostram que não dará certo. A sua idéia era manter-se candidato, ficar fora da prisão, para fazer campanha, mesmo considerando a alta possibilidade de não poder assumir, por conta da "ficha suja". Mas sendo eleito, com grande votação, teria um grande argumento para caracterizar o "golpe". Na melhor hipótese, pode assumir e governar por mais 4 anos. Na pior, teria o seu candidato a vice-presidente assumindo o seu lugar.
Conseguiu se registrar com Fernando Haddad como vice e gostaria de manter essa condição até 16 de setembro, garantindo a sua foto na urna. E receber os votos em seu nome, mesmo que seja para o seu substituto.
Mas duas circunstância podem alterar o seu raciocínio estratégico, que a teoria dos jogos explica bem. A primeira circunstâncias é a sustentação do eleitorado de Bolsonaro, cada vez mais consolidado, como a oposição ao PT e aos valores que esse defende. A partir dai a sua candidatura é engordada pelo "voto útil" dos anti-PT, até então eleitores de PSDB. Isso significa que com esses votos, Bolsonaro irá para o segundo turno. Para Lula e o PT Bolsonaro seria a melhor alternativa para vencer no segundo turno. A rejeição ao ex-capitão é muito maior que ao PT. 
A expectativa de Lula era que com o direito de participar pessoalmente da campanha, poderia fortalecer a sua própria candidatura ou do seu substituto. Sem poder participar diretamente e segurando o lugar o que o tira dos debates, assim como das entrevistas individuais (como o da Globo).
De um lado a sua permanência como candidato, mantém a força de Bolsonaro. A sua saida formal, enfraquece Bolsonaro, mas também o seu substituto. Ambos podem ficar fora do segundo turno.
O que vai decidir a eleição não serão os votos nulos ou brancos, mas os votos úteis. A maioria dos votos não será a favor, mas contra.

(cont)


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