O fato real, comprovado pelos levantamentos estatísticos e vividos por muita gente é que o processo de ampliação da classe média não só foi estancado, como vem passando por um processo de regressão.
Já as explicações sobre essa reversão ainda não estão claras para mim, como para muita gente. A maioria das interpretações sobre o fenômeno são insatisfatórias.
Uma das hipóteses mais prováveis é o esgotamento dos ciclos. A irrigação de renda pelo Bolsa-Família, seguiu, mas com estagnação dos valores totais e até com pequena redução: mais por correção de irregularidades.
A outra é que com a melhoria da renda, os novos integrantes da classe média foram seduzidos pela oferta de bens duráveis, com financiamento generosos, assumindo dívidas acima da sua capacidade e acabaram inadimplentes e sem condições de novas compras.
Com o risco de vender e não receber, os setores industriais de bens duráveis, principalmente a indústria automobilística, refreou as suas vendas e produção. Acompanhadas pelo setor financeiro que alterou as condições de financiamento. A sequência foi a demissão de empregados, levando à redução global da massa salarial, consequentemente, do mercado de consumo familiar, acelerando a espiral descendente. Foi uma bolha, que estourou no final de 2014.
As tentativas do Governo em manter ou reaquecer esse mercado, mediante subsídios, fracassaram, mas deixando um enorme legado de dívida pública.
Como será possível voltar ao crescimento econômico, alcançando taxas elevadas?
Uma alternativa é de pais em desenvolvimento, como a China e a Índia: a incorporação de populações pobres ao mercado de consumo. O Brasil ainda tem enormes contingentes de pessoas na margem do mercado de consumo. Não estão mais inteiramente fora desse mercado, mas a sua participação é residual. Sobrevivem em condições de subsistência, alguns socorridos pelo bolsa-família. Os países desenvolvidos já não tem essa condição, pois praticamente toda a sua população já está amplamente inserida no mercado de consumo. Não tem condições de crescimento a taxas elevadas. A menos da incorporação dos imigrantes. Mas esse é um outro capítulo.
A outra alternativa é de pais desenvolvido: a maior integração da sua economia, principalmente da indústria nas cadeias produtivas globais, ampliando a sua produção e gerando mais empregos.
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