Uma narrativa da teoria da conspiração sobre o caso Queiroz diz que Fabrício Queiroz, colega de turma de Jair Bolsonaro, companheiro de pescarias do ex-capitão, arrumou uma "boquinha" ao velho amigo, colocando-o como assessor parlamentar do filho, eleito deputado estadual na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro - ALERJ.
Lá foi montando um extenso sistema de angariação de recursos pela designação de assessores que ganham, não trabalham e repassam os seus vencimentos liquidos para um coordenador por deputado ou conjunto de deputados.
No caso de Flávio Bolsonaro esse papel foi assumido por Fabrício Queiroz.
Em função das investigações sobre falcatruas e mecanismos de corrupção dentro da ALERJ, que resultaram na prisão de vários deputados, o COAF levantou, dentro das suas atribuições, movimentações atípicas dos deputados e funcionários da ALERJ.
Um desses relatórios vazou, o Estadão e depois outros órgãos de imprensa, deram destaque à movimentação de Fabricio Queiroz, embora não fosse as maiores, por ele ser ligado ao clã Bolsonaro.
Está documentado e comprovado que Fabrício Queiroz recolhia a partilha dos demais assessores, inclusive os seus familiares.
Por ser um flanco aberto na imagem de Fabrício Queiroz, com as investigações amplas na ALERJ, ele foi demitido ainda no primeiro semestre de 2018.
Diante do vazamento irregular do relatório, provavelmente por motivos políticos, incluindo um cheque destinado à Michele Bolsonaro, o clã pressionou Fabrício Queiroz, para montar uma versão plausível para justificar a movimentação financeira e
saber se haveria outros cheques ou documentos de crédito a favor do clã.
Ele propôs expandir uma operação que ele havia feito de compra e venda de carro, em dinheiro vivo, como a versão plausível. E garantiu ao clã que não havia outros comprovantes. Todas as entregas tinham sido em dinheiro.
O clã aceitou a montagem e contando que a história morreria após a formalização de Jair Bolsonaro, como novo Presidente da República, mandou Queiroz sumir e não comparecer às audiências convocadas pelo Ministério Público. E que Sérgio Moro, voltado para resolver questões maiores, ajudaria a colocar as investigações nas filas burocráticas, evitando a seletividade política.
Mas o confronto de Jair Bolsonaro com a mídia tradicional faz que essa não "largue o seu pé" e mantenha um foco sobre o caso Queiroz.
Embora o processo corra sob sigilo judicial, o clã deve ter sido avisado que o deputado estadual Flávio Bolsonaro estava sendo investigado e que haviam encontrado comprovantes de seu recebimento de valores de Queiroz.
Isso levou o clã a uma mudança de estratégia, com o pedido da sua defesa de pedir a suspensão das investigações e anulação das provas, aproveitando a presidência interina de Luiz Fux, que abrigou o pedido, apesar dele mesmo tem votado pela aplicação do foro privilegiado apenas aos atos inerentes ao cargo e durante o mandato dos deputados federais.
A emenda foi pior que o soneto, em termos de imagem popular, a única força real de Jair Bolsonaro.
A decisão de Fux vai atrasar, mas não eliminar as investigações, que estão suspensas e serão retomadas após as eleições das presidências das casas do Congresso Nacional.
A continuidade das investigações levará à descoberta que o clã Bolsonaro foi beneficiado na distribuição dos recursos arrecadados por Queiroz. Provavelmente para financiar gastos não contabilizados com a campanha de Bolsonaro.
Tais revelações, apesar dos desmentidos usuais, irão comprometer a imagem de Jair Bolsonaro que sempre se apresentou como um político não envolvido nas "maracutaias" tradicionais dentro dos legislativos.
(cont)
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