Jair Bolsonaro dividiu o seu governo em várias partes, ou blocos, delegando algumas delas a superministros, com grande autonomia e outras a grupos. Supostamente há um bloco comandada pelo grupo militar, mas além do Governo Guedes e do Governo Moro, há claramente o Governo dos Bolsonaro's Boys, literalmente o bloco formado pelos seus filhos. Fazem parte desse Governo os Ministérios da Educação e das Relações Exteriores, chefiados por Ministros indicados pelos filhos, sob inspiração e aval de Olavo de Carvalho.
Tão logo se caracterizou a conquista desses espaços dentro do governo do pai, os amigos dos boys viram uma oportunidade de arrumar a sua "boquinha".
Alexandre Carreiro, o Alex, amigo de Eduardo Bolsonaro, almejou a Presidência da APEX - Agência de Promoção de Exportações e Investimentos, embora não tivesse todas as qualificações necessárias para o posto (inglês fluente).
Como um órgão de promoção econômica, seria natural a sua integração ao Ministério da Economia, tendo sido colocado no respectivo organograma pelo indicado para aquele: o economista Paulo Guedes. Ele antes que algum aventureiro o fizesse, foi indicando os futuros dirigentes dos órgãos e empresas relacionadas com o seu Ministério, sem considerar eventuais pressões dos filhos do Presidente. Assim sendo, Alex Carreiro jamais seria levado à Presidência da APEX, por Paulo Guedes.
Aproveitando a vinculação da APEX ao Ministério de Relações Exteriores, promovida pelo então Ministro José Serra e indicação para presidente da instituição o embaixador Roberto Jaguaribe Gomes de Matos, o clã Bolsonaro reforçou a posição de Ernesto Araujo na disputa contra Paulo Guedes, sobre o controle da APEX.
A jornalista Consuelo Dieguez já contava, em 7 de dezembro de 2018, na revista Piaui, os "bastidores" da disputa, com o nome de Alex Carreiro, como o indicado de Eduardo Bolsonaro:
"Otodo-poderoso futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, sofreu, nesta quinta-feira, sua primeira derrota na formação do governo. Após uma conversa no começo da tarde com Bolsonaro, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, conseguiu que a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, a Apex, almejada pelo ministério da Economia, ficasse no Itamaraty. O presidente da agência será Alexandro Carreiro, ou Alex Carreiro, como se apresenta no Linkedin. Ele é ex-assessor da Secretaria Nacional de Portos do Ministério dos Transportes, ex-integrante da liderança do PSL e ex-presidente do Patriota no Distrito Federal. O nome de Carreiro foi indicação do deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente eleito, e recebeu o apoio de Araújo e dos futuros ministros da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno.
Não foi uma disputa de caráter funcional ou programática, mas tão somente pessoal, para que o amigo Alex, muito ligado ao clã Bolsonaro, ganhasse um bom lugar, dentro do governo dos amigos, com possibilidade de muitas viagens ao Exterior e excelente salário.
Empossado na Presidência, Jair Bolsonaro, por indicação burocrática do Ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araujo, nomeia Alexandre Carreiro, Presidente da APEX.
O que ocorreu depois, foi amplamente divulgado pela imprensa, como mais uma das "trapalhadas" do início do Governo Bolsonaro.
(cont)
Ver o que não é mostrado - Enxergar o que está mostrado Ler o que não está escrito Ouvir o que não é dito - Entender o que está escrito ou dito
Assinar:
Postagens (Atom)
Lula, meio livre
Lula está jurídica e politicamente livre, mas não como ele e o PT desejam. Ele não está condenado, mas tampouco inocentado. Ele não está jul...
-
Carlos Lessa - ex presidente BNDES As políticas públicas verticais focam partes ou setores específicos da economia, tendo como objetivo ...
-
Paralelo 16 é uma linha geográfica que "corta" o Brasil ao meio. Passa por Brasília. Para o agronegócio significa a linha divi...
-
A agropecuária brasileira é - sem dúvida - uma pujança, ainda pouco reconhecida pela "cultura urbana". Com um grande potencial de ...
Nenhum comentário:
Postar um comentário