Em 1964 os militares deram um golpe de Estado para assumir o poder, permanecendo até 1985, sempre sob a presidência de um general e sob um regime autoritário que deixou marcas profundas. A principal é de um regime ditatorial, com supressão das liberdades individuais, com prisão, tortura e mortes do que consideravam inimigos do regime: militar no governo é associado à ditadura.
Segundo historiadores o golpe de 64 foi dado para interromper um processo de "esquerdização" do pais, iniciado por outro golpe militar: o de 1930. liderado pelo então tenente Getúlio Vargas. Com alternâncias, mas em 64, dominante com a presidência de João Goulart, afilhado político de Vargas.
O retorno dos militares ao Governo se dá agora em 2019, a partir da eleição democrática de um ex-capitão reformado há 30 anos, com características populistas que canalizou o descontentamento da população brasileira com os rumos da política brasileira e com os governos petistas.
Eleito, com um ideário de direita e intensa oposição verbal contra o PT, que tentava voltar ao poder, formou um gabinete predominantemente de generais reformados, ao qual se soma o Vice-Presidente, General Mourão, constituindo o que a mídia caracteriza como ala militar.
Na montagem ministerial, Bolsonaro delegou a dois superministros as áreas estratégicas do seu Governo: a economia e o combate ao crime, e reservou para si, o comando direto de 4 Ministérios, todos afinados com o seu ideário. Dois, mais ideológicos, sob comando do seu filho Eduardo, representando o suposto guru da família, Olavo de Carvalho, um terceiro associado aos evangélicos e o quarto, um "livre atirador". Todos com discursos anti políticas e concepções petistas. Os demais ficaram soltos ou sob o comando da ala militar.
Com a esquerda amplamente derrotada e sem rumo, o maior problema do Governo não está em "remover o entulho petista", mas em controlar os arroubos da ala direitista, que ocupa o Ministério da Educação e das Relações Exteriores.
Este está sendo o principal papel da ala militar dentro do Governo Bolsonaro. É um papel de contenção das ações da direita radical dentro do Governo, sob inspiração de Olavo de Carvalho.
E um papel moderador, mas no sentido de moderar ações ou manifestações mais radicais. Com o que acaba por entrar no jogo.
O Vice-Presidente, General Mourão, por ter maior independência e uma personalidade mais aberta, falando o que pensa, acaba por ser o porta-voz informar da ala militar e o adversário explícito da direita radical.
Como estrategistas tem paciência para esperar que os Ministros oponentes de desgastem pelo seu próprio radicalismo e ai pressionar para a saída.
O Ministro da Educação será a primeira vítima, mas Ernesto Araujo também esta na linha de tiro.
(cont)
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