Um grupo de militares assumiu o poder no Brasil, a partir de janeiro de 2019. Por via democrática.
Não por um golpe militar, como em 1964, depondo o então Presidente eleito (ainda que como Vice-Presidente) democraticamente e substituto constitucional do Presidente eleito que renunciou.
Em 2018, um grupo de generais do exército, a quase totalidade de reformados, percebeu na possibilidade de eleição do ex-capitão reformado, mas colega deles, seja na Academia Militar, como nos cursos de paraquedismo. Era da "turma" ou "do bando de irmãos", ainda que tenha deixado a carreira militar para seguir uma bem sucedida carreira política.
Tinham, como pensamento comum, "liquidar" com o petismo, ao qual atribuem todos os males pelo que vem passando o Brasil, neste século XXI. Retirado do poder, em 2016, com o impeachment da ex-Presidente Dilma Rousseff, o PT, sob comando de Lula, pretendia voltar ao poder, pelo voto democrático. Na medida em que Jair Bolsonaro ganhava "musculatura", apesar da descrença do sistema político e da mídia tradicional, esse grupo, aparentemente com o apoio de toda a corporação militar, "apostou" em Jair Bolsonaro, apesar deste ter uma proposta de agenda governamental, pobre e restrita a alguns pontos específicos: a facilitação do armamento pela população, como solução para combater a violência; reorientação da legislação sobre costumes, contendo ou contrariando o "politicamente correto"; a incorporando a agenda dos evangélicos e só. Posições, supostamente, convergentes com o grupo militar da sua turma.
Jair Bolsonaro, ao longo da campanha incorporou o projeto econômico liberal, de Paulo Guedes, mas sem assumí-lo pessoalmente. A incorporação foi por delegação plena a Paulo Guedes. Uma vez eleito, incorporou, da mesma forma, o combate à criminalidade, em particular a corrupção, entregando, mediante "carta branca" a área de justiça e segurança a Sérgio Moro. Tornaram-se pilares do seu projeto de governo para o Brasil. A ala militar não se opõe a esses, embora não inteiramente.
Sem um projeto amplo para o Brasil, o grupo militar poderia propor e liderar um projeto. Ainda não o fez.
Qual é o Brasil que o grupo militar quer?
Sem dúvida, um primeiro elemento é o Brasil livre do PT. Mas será suficiente como projeto para o Brasil?
Para isso, parece que Jair Bolsonaro serve.
Além de ter vencido o PT nas urnas, está promovendo um amplo desaparelhamento da máquina federal, promovendo o total enfraquecimento dos sindicatos e acuando politicamente o PT no Congresso, retirando ou limitando os instrumentos de oposição.
Mas do ponto de vista de "guerra" o "inimigo" ainda mantém o controle territorial de todo o Nordeste, com 8 governadores, mais de 100 deputados federais e 24 senadores.
Terá que conquistar esse território e não o será pela força.
(cont)
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