No golpe de 30, os tenentes derrubaram a velha oligarquia rural, com o objetivo de modernizar o Brasil, inserí-lo na primeira revolução industrial. Conseguiram, com sucesso, tornado o Brasil um país industrial e urbano. Mas com sequelas e em 1964, os militares voltaram ao poder, para conter uma suposta (ou real) ameaça comunista e tornar o Brasil uma potência mundial. O projeto era o de um Brasil, praticamente auto-suficiente, com um mercado interno pujante e uma produção capaz de atender a todas as demandas. A visão predominante era nacionalista, com fundamental participação do Estado na consecução do projeto.
A incapacidade dos militares em "domar" a inflação, apesar de terem levado ao Governo competentes economistas, como Roberto Campos, Octávio Gouvea de Bulhões, Antonio Delfim Neto, Mário Henrique Simonsen e outros, os levou a devolver o poder aos civis, sem conseguir realizar inteiramente o seu projeto.
O governo civil, num segundo momento, após tentativas heterodoxas frustradas, que só agravaram a situação, conseguiu, com o Plano Real, controlar a inflação, o que é mantido ainda hoje, ainda que com sucessivas instabilidades.
Mais uma vez as sequelas ideológicas facultaram a retomada do poder, por militares, embora através do processo democrático. Não é uma tomada pelo conjunto das Forças Armadas, mas por um grupo que representaria a visão daquelas sobre o Brasil.
Essa visão é ainda negativa, visando combater o "status quo". Não há a formulação de um projeto nacional, como um propósito de futuro, mas apenas uma opção instrumental.
Aderem a uma visão econômica liberal, com minimização do papel do Estado na economia, sendo necessário, para isso, como etapa inicial, eliminar o déficit fiscal, isto é, das suas contas. E concordam com a necessidade de reformar a previdência, a maior conta publica deficitária.
Concordam, ademais, com a necessidade de completar as reformar estruturais, para transformar o Brasil, numa grande e próspera economia liberal.
A visão econômica liberal é contrária a um projeto nacional de natureza estatal, isto é, partindo do poder político. O futuro da economia deve ser conformado pelo mercado.
Não caberia à ala militar definir um projeto nacional a ser perseguido, como um projeto de poder.
Caberia conter a interferência estatal que poderia prejudicar as opções do mercado.
Se esse for, efetivamente, o projeto de poder da ala militar, o Presidente Bolsonaro não estaria inteiramente alinhada ao mesmo, em função da sua intempestividade.
O que fará a ala militar se as reações pessoais do Jair, de seus filhos e do seu círculo pessoal, provocarem a ameaça de saída de Paulo Guedes, o principal mentor do projeto da economia brasileira liberal?
(cont)
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