O que quer a ala militar do Governo?

Com o confronto direto com o Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, acusando-o de representar a "velha política" associada à sua insistência em manter a comunicação direta com o "povo" através da rede social, Jair Bolsonaro estaria preparando, com apoio da ala militar do Governo, um "auto-golpe", promovendo o fechamento do Congresso Nacional. Um movimento caracterizado pelos cientistas políticos, como "bonapartismo".
Com isso implantaria, sem as concessões aos velhos políticos, as medidas que entende serem melhores para o Brasil. Sem resistência popular, ou até com um amplo apoio popular.
A questão é se a ala militar do Governo apoiaria essa tentativa do ex-capitão Jair Bolsonaro e se essa ala contaria com o pleno apoio das Forças Armadas.
Uma pergunta que ainda não quer calar é o que quer a ala militar, além de evitar um eventual retorno do PT ao poder?
Os militares que vieram a formar o núcleo duro do Governo Bolsonaro, vinham demonstrando à muito tempo a sua insatisfação com o Governo petista. Apoiaram, ainda que não ostensivamente o impeachment da ex-Presidente Dilma, evitando uma imagem de "golpe militar". Não viram em Michel Temer condições suficientes para "liquidar de vez" o "entulho petista" e apostaram as fichas em Jair Bolsonaro para tal mister, apesar de conhecer as suas limitações pessoais e as sua tendências de falar "merda". 
Jair Bolsonaro foi eleito, eles assumiram postos chaves. O que estão fazendo no Governo? O que querem fazer?
O que estão fazendo, de visível, ou captado e difundido pela mídia é conter os arroubos do Presidente e evitar que ele implante a sua pauta pessoal, comprometida com os evangélicos ou supostamente determinada por Olavo de Carvalho. Ou transforme a sua veneração a Donald Trump em submissão do Brasil aos propósitos desse. A ala militar já se posicionou e evitou a concessão de uma base americana no Brasil, a intervenção militar na Venezuela. Evitou a transferência imediata da Embaixada Brasileira para Jerusalém, em Israel. Evitou uma "olavisação" completa do Ministério da Educação. São todas medidas de contenção, medidas defensivas, de evitar que o inimigo tome "posições" estratégicas. Mas não definiu objetivo ofensivos. Onde ou aonde querem chegar? O que querem conquistar? Quais são os seus planos de futuro para o Brasil?
Os militares são desenvolvimentistas. Querem e acreditam que o Brasil pode e deve ser uma potência mundial. Entendem que para isso o Brasil precisa ter uma base econômica forte.
O regime militar, estabelecido a partir de 64, tentou sem o esperado sucesso, gerar o "Brasil Potência", mediante ampla atuação do Estado. Com o fracasso da sua empreitada estariam propensos a aceitar a alternativa liberal e democrática.
Mas não apresentaram até agora nenhum plano ou diretriz abrangente. Fora as manifestações do General Mourão, pouco se sabe das ações proativas da ala militar. 

(cont)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Lula, meio livre

Lula está jurídica e politicamente livre, mas não como ele e o PT desejam. Ele não está condenado, mas tampouco inocentado. Ele não está jul...