Da moradia para o trabalho e do seu retorno
O trabalhador gasta um grande tempo com a locomoção para o trabalho e seu retorno para a moradia.
Para o trabalhador de classe média a questão é de mobilidade urbana, envolvendo a discussão sobre os modos alternativos de transporte, assim como as inovações tecnológicas. As suas opções estão relacionadas às soluções técnicas apresentadas pelos especialistas, em geral, também da classe média, com opções de escolha. Poderão escolher um candidato que defenda um modo de transporte com o qual o eleitor concorda, como ocorre com a "tribo" dos ciclistas.
Embora venha apresentando elevados índices de crescimento, mas ainda restrito às grandes cidades parecem não ter escala suficiente para eleger um deputado federal, representante dela.
Os especialistas em mobilidade urbana defendem a transferência do modo individual (automóvel) pelo coletivo (ônibus, metrô, trem ) mas o trabalhador reluta em mudar. E muitos trabalhadores fazem a opção contrária: mudam do transporte coletivo para o individual.
Os trabalhadores de menor renda, que são a maioria dos eleitores, só tem um modo de condução: o transporte coletivo. Os poucos que conseguem melhoria de renda, tendem a se transferir para o automóvel (modo individual).
Como o transporte coletivo é um serviço público concedido as reivindicações dos usuários são voltados para as políticas e ações públicas. Embora o trabalhador não seja o único usuário é o principal. As pesquisas origem-destino mostram que o principal motivo das pessoas para as locomoções é moradia-trabalho-moradia.
O trabalhador-usuário da condução coletiva quer a melhoria dos serviços das linhas que utiliza. A sua visão não é genérica, mas especializada e territorializada: ele quer medidas públicas que promovam a redução do seu tempo de viagem, a melhoria da qualidade da sua viagem e custos menores.
A sua visão é limitada e apoia o político que tem propostas específicas. O eleitor - em geral - não está interessado na solução geral da mobilidade urbana, mesmo dentro da sua cidade. Quer solução para as rotas que utiliza, quer a melhoria dos serviços que utiliza.
Já o político não pode se limitar às soluções específicas. A visão dele também não é do todo, mas do conjunto das soluções especificas que propõe atender.
O político que é seduzido pelas colocações dos técnicos que propõe principios e soluções genéricas ou para todo o conjunto, não consegue seduzir os eleitores. Eles querem a tradução das propostas genéricas em termos do que isso irá melhorar a sua vida cotidiana. Como isso irá reduzir os tempos de locomoção ou ou o maior conforto das suas viagens, etc.
Reduzir o tempo de locomoção não significa apenas o tempo de viagem, mas a espera pela condução. Conforto e não ter que viajar em ônibus ou trens superlotados.
Como os sindicatos podem assumir a defesa das aspirações dos trabalhadores em relação à sua locomoção moradia-trabalho-moradia. Principalmente dos trabalhadores de menor renda que não tem outra opção, para distâncias médias e longa do que a condução coletiva?
Os sindicatos ou Centrais Sindicais podem ou devem assumir essa defesa ou devem delegar aos políticos "despachantes" dos interesses das comunidades? Ou devem as lideranças sindicais assumir esse papel político de despachantes?
Os Sindicatos e Centrais Sindicais podem assumir o estudo e formulação de propostas a partir das visões específicas dos trabalhadores segundo segmentações por categoria sindical e locais de moradia e trabalho. A partir das reivindicações específicas pode buscar a compatibilização das demandas em soluções integradas e mais amplas.
Para isso o Sindicato precisaria conhecer melhor as necessidades de mobilidade dos seus filiados ou associados.
Deveria promover levantamentos junto à base dos dados de origem-destino, tempo de viagem na locomoção moradia-trabalho-moradia, tanto no período de ida ao trabalho, como de retorno. E ainda pesquisa sobre as condições das viagens e satisfação do trabalhador-usuário.
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